No dia 27 de novembro de 2011, meu irmão Beto Cianfarani e eu (Pedro
Luiz), ganhamos na categoria duplas a segunda edição da Ultramaratona de 24
horas de Campinas, no Parque Taquaral, percorrendo 223 km. Hoje, analisando o
resultado, parece simples, embora este não era nosso objetivo com a prova, uma
vez que estávamos usando a prova como treino para a BR135 de 2012, onde nosso
amigo Dicler também entrava com este objetivo. Então fizemos duas duplas de Ultraloucos.
Beto e eu éramos uma, Dicler e Parreira outra dupla. Assim, nos preparamos, na
manhã do dia 26 de novembro, com nossa barraca de camping e nossos suplementos,
para revezar as 24 horas, traçando nossa estratégia para correr 2 horas cada,
já que buscar alguma colocação estava distante dos nossos planos. A mesma
estratégia também fizeram a outra dupla de Ultraloucos. Com tudo arrumado,
entrariam primeiro na pista Beto e Dicler e na sequência Parreira e eu. Muito
calor durante o dia, como não podia ser diferente nesta região, sem nenhum
contratempo que pudesse atrapalhar nossa prova nas primeiras 12 horas. Se não
acontecesse nada, não estaria relatando esta corrida e com uma pequena ajuda do
clima posso começar um relato. Na segunda metade da prova, uma forte chuva
despencou sobre o parque, fazendo com que o diretor da prova quase
interrompesse a competição. Em alguns lugares do parque, passamos com água na
altura da canela e nossa barraca era nosso único abrigo. Nesse momento, Parreira e eu descansávamos na
barraca, aguardando nossa hora de pegar a pista e a chuva. Saímos da quente e
confortável barraca e demos lugar para o Beto e Dicler, poderem descansar ou
pelo menos minimizar o cansaço. Passadas às 2 horas estipuladas de pista,
quando sonhava com uma barraca quente e confortável, uma terrível surpresa...
nossa barraca estava completamente alagada. A dupla que descansava chegou a
falar que a chuva foi muito forte e a barraca não agüentou. Mas na verdade, não
foi isso o que ocorreu. Quando entraram na barraca, esqueceram a aba da porta
para dentro da mesma, trazendo toda a água da chuva para dentro. Nossas malas
boiavam na água e de baixo do temporal, quando pensei descansar, tivemos que ao
menos tirar a água de dentro, nossa malas, roupas, tênis e tudo mais, molhados.
Tivemos que torcer os colchetes para poder deitar e tentar descansar um pouco
para retornar a pista. Nessa hora, já não sabia se pretendia ficar na barraca
ou na pista, encharcados. Por incrível que pareça, acabei pegando no sono,
fazendo meu irmão correr uma hora além do combinado. Quando voltei para a pista,
depois de 3 horas de descanso, Parreira não me fez companhia, permanecendo dormindo
e deixando nosso amigo Dicler correndo, até o momento que não aguentou mais,
resolvendo buscar um lugar seco para descansar, já que a barraca neste momento
estava ocupada. Quando terminei o meu ciclo de pista e retornei para o conforto
úmido da barraca, finalmente Parreira acordou e perguntou pelo nosso amigo
Dicler. Ele encontrou um local seco na lateral de uma lanchonete, onde poderia
descansar tranquilamente, em uns 50 cm que não chovia e igual a um sem-teto
procurava descansar. Em um momento de compaixão, Parreira saiu da barraca e
levou um dos colchões encharcado para o nosso amigo descansar nos únicos 50 centímetros
secos, que havia naquele parque, retornando para barraca, a fim de terminar o
seu descanso. Finalmente, com o raiar do dia, a chuva deu uma trégua e atletas
e equipes saíram dos abrigos para acompanhar a competição e os atletas. Foi
nesta hora, que nos informaram que a minha dupla estava em primeiro lugar, mas
se continuássemos com esta estratégia e correr 2 horas cada, a dupla segundo
colocada iria nos alcançar, já que revezavam de volta a volta (2,7 km). Então,
após uma conversa, se continuaríamos com a mesma estratégia ou tentaríamos a
vitória, em comum acordo, resolvemos mudar a estratégia e volta a volta revezaríamos,
aumentando cada vez mais a nossa vantagem, até nossa vitória. A outra dupla de
ultraloucos, chegaram em sexto lugar. Superamos o tempo, o desgaste e a
inundação!
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