Seguindo caminhos distintos dentro da corrida de rua, meu irmão Pedro Luiz e eu, traçamos um alvo em comum em nosso calendário de provas. Pedro vem se dedicando às provas mais longas, de mais de 200 km, onde sua incrível resistência lhe destaca. Já eu, venho participando de vários tipos de prova, menos provas longas, para dar uma variada nos estímulos. Dessa forma, Pedro mesmo vindo de uma lesão que lhe fez parar por aproximadamente 30 dias, estava com a resistência em dia, e eu, mais rápido do que o habitual, ele sem muita velocidade e eu pouquíssimo resistente. Escolhemos formar uma dupla e participar das 12 horas de Piracicaba, organizado pela Gaia Esportes. Cada um correria aproximadamente 6 horas e como um treino de luxo, formaríamos uma equipe, afim de nos divertir no meio esportivo. Em meio a isso tudo, ganhamos a companhia de Dicler Agostinetti, que resolveu encarar as 12 horas sozinho, na categoria solo. Mais que uma competição, seria uma diversão que estaríamos ingressando. A prova seria em um agradável parque da cidade de Piracicaba, numa pista que envolvia um belo lago. Várias categorias, em várias provas distintas, num mesmo evento, deixavam o parque repleto de atletas, vindos das mais diversas partes do Brasil. Nossa estratégia era cada 10 km revezar, tendo um tempo suficiente para recuperar as forças e voltar em condições de fazer uma corrida agradável. Já Dicler, estaria em carreira solo, durante as 12 intermináveis horas. Pedro largou e mesmo inseguro pela lesão que lhe afligiu dias antes, conseguiu imprimir um bom ritmo, percorrendo seus 10 km e me passando a vez, pra fazer minha parte. Estava me sentindo muito bem, corri com muita tranquilidade, economizando energia, pensando na prova como um todo, sabendo que ficaríamos o dia inteiro ali. Com o passar do tempo, a temperatura foi aumentando, o desgaste crescendo. Nosso receios se concretizaram... Pedro sentiu um forte desconforto na região que sentiu a lesão, já eu, sofri com a falta de volume, em meus treinos curtos dos últimos tempos. Pedro diminuiu a velocidade pela lesão, enquanto eu lutava com a exaustão física. Após 8 horas de prova estávamos revezando a cada 5 km, nesse momento sabendo que estávamos em quarto lugar, bem próximo da dupla terceira colocada. Enquanto isso, o Dicler seguia sua jornada, administrando o cansaço, buscando alcançar o máximo de km possível. Somente as 3 primeiras duplas subiriam ao pódio e seriam premiadas. Claro que queríamos estar entre elas, mas nossa situação física não estava nos favorecendo, estando o tempo todo atrás da dupla adversária, que inclusive fizemos amizade durante a prova. Quando faltava menos 20 minutos pra encerrar as 12 horas, com algumas inversões na estratégia, conseguimos ultrapassa – los e fechar a prova em terceiro lugar, com 133,6 km rodados, numa improvável recuperação. Já Dicler, fechou a prova com 81 km, lhe rendendo o segundo lugar em sua categoria. Mais do que buscar por posições, almejar premiações ou qualquer outra coisa, estar nessa vibe e se esforçar ao máximo, sem dúvida, é o combustível para estar presente em mais um desafio!