terça-feira, 7 de julho de 2020

24 horas Virtual Ultra Runner - 27 e 28 de junho

Sem provas presenciais resolvemos aderir as provas virtuais e a escolhida foi uma de 24 horas , mas invés de ficar correndo no mesmo local decidimos de início dar uma volta por nossa região do ABC, a chamada volta de Ribeirão Pires com seus 50 km aproximadamente e só depois correr em volta de um quarteirão nas proximidades de nossas casas com 1.500 m.

Segue 2 relatos a seguir, um da volta de Ribeirão Pires escrito pelo Estagiário Filipe e outro das 24 horas pelo grande amigo Dicler.


Volta de Ribeirão Pires

Há algumas semanas atrás recebi o convite do Pedrinho para fazer as 24 horas virtuais, desafio que ele, Dicler e Parreira haviam abraço fazer no final de junho diante da falta de provas que estamos tendo nos últimos meses devido à pandemia.

A largada seria às 10h do dia 27, um sábado, e terminaria no domingo às 10h, e o “primeiro tempo” deste desafio seria fazer a Volta de Ribeirão.

Acabei decidindo por fazer a Volta de Ribeirão apenas, pois era um treino que já estava cobrando o Pedrinho para fazer desde o ano passado e fazer as 24 horas, ainda não me sinto preparado, levando em consideração também que meu fortalecimento nestes tempos de quarentena não é dos melhores.

Me preparei durante as semanas que vieram, fiz, duas semanas antes, 42,26 kms de máscara em um outro desafio que me propus a fazer, debaixo de muito sol e, além dos treinos mais longos, durante a semana fazia os treinos entre 15 a 12 kms de terças e quintas.

Na semana que antecedeu o desafio, fiz 23 kms no domingo debaixo de muito sol e 17 kms na terça. Não treinei na quinta para poupar as pernas. Porém, nesta semana, na quinta já começou a mudar o tempo e a chover sem parar...

A sexta foi inteira chuvosa e de madrugada não parava de chover, comecei a pensar que poderia não acontecer mais o desafio, mas mesmo com muita chuva, somos os Ultraloucos...

Acordei às 8h20 no sábado e a chuva nada de dar trégua... o Pedrinho confirmou que haveria o desafio e até me aconselhou a ficar em casa porque eu tinha dito que minha mãe estava preocupada por causa da chuva, mas, pensei comigo, se sou O Estagiário deles, tenho que ser em qualquer situação!

Fui até a casa do Dicler encontrar eles, fizemos um vídeo para registrar o início do desafio e enviar ao Fernando da Ultra Runner e a chuva apertou mais ainda.

Levei minha Mochila de Hidratação que ainda não havia usado, corta-vento e todo o necessário para aguentar o frio e a chuva. Detalhe importante é que eu nunca tinha feito um longão com chuva.

Partimos às 10h e a chuva nos castigando, em poucos minutos já estavámos encharcados, minha camisa grudando no corpo, meia toda molhada, mas em poucos kms já estava acostumado com a situação, pelo menos não estava frio.

Pegamos a Anchieta e nela o desafio dos caminhões passando e jogando água na gente, além do vento contrário, conseguimos superar e paramos num posto no Riacho Grande para o Pedrinho comprar água.

Seguimos pela Estrada Velha por mais alguns kms até cairmos na Rodovia Índio Tibiraçá, onde iríamos percorrer mais 15 kms embaixo de chuva e em meio a mata. A chuva já estava diminuindo, mas aquela monotonia típica de rodovia e as subidas, eram bastante desafiadoras. Em algumas subidas andamos, mas na maior parte do tempo conseguimos completar correndo.

Quando chegamos perto da entrada de Ribeirão Pires, a chuva finalmente deu uma trégua. Paramos num Posto de Conveniência, eu comprei um Pão de Batata com Requeijão e seguimos viagem.

Para esta volta, levei 4 cápsulas de sal, 3 geis, 2 doces de amendoim e 2 litros de água no Camel Back, e conforme o treino ia avançando, ia fazendo o uso dos suplementos de forma consciente e moderada.

Seguimos por Ribeirão Pires, Mauá e Santo André em uma reta interminável, um trecho bastante chato, pois sempre tinha que ficar esperando semáforo abrir, carro passar, até que finalmente chegarmos novamente na residência do Dicler, com o Strava batendo 52 kms.

Durante todo percurso senti algumas dores em cima do joelho e no adutor direito, dores que começam quando faço bastante quilometragem, e mais para o final, as panturrilhas começaram a fadigar, mas nada que impedisse de chegar correndo e ainda estar se sentindo bem para continuar se fosse necessário.

E assim, concluímos a Volta de Ribeirão com todos os requintes de crueldade possível, muita chuva, muito vento, muito frio, mas com aquele sorriso no rosto do dever cumprido e a certeza de que pros Ultraloucos, o impossível e limite são apenas palavras no dicionário.

Estou pronto para outra!

Filipe Robert Fontes
O Estagiário


24 horas Virtual - Por Dicler 

27 de junho de 2020, 10:00h da manhã.


Tem início a ultramaratona 24 horas virtual.
Cada um por si, atletas de norte a sul do Brasil.

Aqui em S.B.C., Parreira, Pedro e eu iniciamos a jornada de 24 horas juntos com o Filipe (O Estagiário) com uma chuva intensa, muito molhada e de gelar até os ossos; rumo aos primeiros 52 km (a volta de Ribeirão Pires).

Com 30 km de prova, aproximadamente, a chuva parou e o frio aumentou. Voltamos para S.B.C. após 7 horas de prova e após comermos um pouco e um ligeiro descanso, fomos para a Rua Aldino Pinotti, aqui na cidade, em um percurso de aproximadamente 1.500 metros (onde outros tantos corredores e caminhadores fazem seus treinos).

Nosso posto de apoio foi em minha casa que é perto do percurso. Lá estava a Consuelo que mantinha café sempre quentinho, alguns lanches, água e outros bons quitutes. De carro, circulava a Claudia com outras iguarias e uma deliciosa sopa que foi servida próximo das 22 horas, onde o frio se fazia muito intenso.

Depois das 23 horas até aproximadamente 6:00 h da manhã  do dia seguinte, só nós 3 na pista. Consuelo no apoio remoto e a Claudia fazendo apoio na pista, e nada mais. Silencio e frio, muito frio, garoa, as vezes mais fraca as vezes mais intensa. Uns poucos momentos de descanso. Não dava pra ficar parado, o frio congelava.

Na pista, só um objetivo, ir para frente, correr contra o relógio e contra o frio intenso.
Às 6:30h começa a amanhecer. Os primeiros corredores começam a voltar a seus treinos. Começa novamente a vida. O ânimo aumenta. Só faltam 3,5 horas para o término. Com a luz melhoram as energias. Agora falta pouco.

Três homens, três corredores, três Ultraloucos, um dando força para o outro. Na retaguarda Claudia e Consuelo quase 24 horas no ar.
Já são 10h da manhã de 28/06. Acabou. Vitória. Mais uma pro currículo.

Normalmente digo que para correr é necessário 70% de cabeça. Nessa prova precisamos um pouco mais.

Ganhamos da chuva, do frio intenso e do próprio pensamento.