Confira o relato da grande ultramaratonista Regina Gastaldo,
que enfrentou os 80 km (50 milhas) da Key 100, ultramaratona realizada na
Flórida, no dia 16 de maio de 2014.
Key100 (50 milhas)
Sexta feira, dia 16 maio por volta das
15:00h Eu e minha equipe de apoio (Natália e Luiz F.) seguimos em direção
a Marathon e nos instalamos em um hotel que ficava a beira da rodovia e em
seguida fomos a procura do local que iria ser a largada, Marathon Garden Club.
Estávamos procurando por algum lugar amplo , mas na verdade o local também
ficava na beira da rodovia mais parecido com uma floricultura, com um salão que
talvez fosse usado para algum curso de jardinagem ou algo parecido. Tudo
resolvido, fomos jantar em um restaurante de um hotel 2 milhas a frente. Lugar
lindíssimo e de excelente comida. Fomos dormir cedo. Acordamos, tomamos café,
ao estilo americano, ou seja nada daquilo que costumo comer habitualmente no
Brasil, antes de qualquer corrida longa, mas não me preocupei com isso, afinal
eram 80Km no terreno plano da Florida. Eu sabia que iria enfrentar um enorme
calor, pois o dia amanheceu sem nenhuma nuvens, ao contrario do dia anterior,
que estava nublado com chuva e uma temperatura amena.
Chegamos a Maraton Garden Club por
volta das 8:00h, para a retirada do kit e palestra de instruções da corrida. A
largada foi pontual e feita em ondas a cada cinco minutos. Eu sai na segunda
onda. A corrida começava por uma calçada, cruzando então a rodovia para que
seguíssemos faceando o tráfego, ora pelo acostamento, ora pelas calçadas. Neste
local tinha um policial que parava o trânsito para que pudéssemos atravessar
com segurança.
Durante toda a corrida tinham pontos
certos em que o carro de apoio podia estacionar e estes tinham que estar
identificados com o numero de cada atleta. Logo no primeiro ponto eu já estava
ensopada de suor. Em seguida cruzei a mais longa ponte da corrida (7milhas),
rodeada de uma paisagem lindíssima. O mar com a água super transparente e com
uma brisa agradável por todos os lados, o que me animou bastante. A cada ponto
de parada eu tomava uma garrafa de água com gás “San Pellegrino” bem gelada e
levava uma outra sem gás para o próximo trecho, o que me ajudava bastante. Na
verdade nunca tomei tanta água como nesta corrida, Nunca comi tão pouco também.
Comia a cada tanto meia banana. Em algum ponto a Natália me ofereceu um lanche
de atum que eu consegui comer somente um pedaço.
Passadas umas 3h comecei a ficar toda
dolorida e pedi um Dorflex para tomar. Meus filhos me deram a muito contra
gosto, dizendo que eu não devia tomar. A dor melhorou bastante, só que com umas
8h de corrida ele voltou e eu só tinha duas opções: tomar outro comprimido e
continuar a prova que não faltava muito ou realmente desistir. Na verdade eu me
sentia bem de maneira geral. Fiquei pensando: Será que eu estava tão fora de
forma? Na verdade eu não havia treinado suficiente. O meu treino maior não
passou de uns 26Km por falta de tempo e também por conta de uma unha
encravada que me tirou da corrida por um bom tempo. Eu contava especialmente
com o fato de acreditar que o nosso corpo tem memória também para corridas,
então logo não podia ser este o motivo para tanta dor. Conclui então que como o
pi so aqui é basicamente concreto, e eu não tinha costume de correr neste piso,
isto estava fazendo toda a diferença para mim. Na verdade todos os outros que
faziam as 50 milhas que estavam próximos a mim , me pareceu que se
encontravam na mesma situação. Consegui convencer minha equipe de apoio e tomei
mais um comprimido.
Quando deu 7:30h coloquei meu colete
refletor, uma lanterna de cabeça e outra pendurada no pescoço virada para traz
na posição piscaste, pois meu colete não tinha luzes piscastes na parte de
traz que era obrigatório e segui em frente.
Todo o trajeto é praticamente plano,
subida levíssima somente nas pontes. Os lugares super agradáveis de correr são
as pontes, além do visual, conta-se com uma agradável brisa. As outras partes
já são mais cansativas, talvez por não ter uma vista tão bonita e sem a tal
brisa. Key West é uma cidade simpática e próximo a chegada tem um bonito
calçadão estilo Montevidéu. Todo tempo você corre embaixo do sol, não tem
nenhuma sombrinha e a tarde ele está bem à sua frente. Pode-se comprar gelo,
algo para comer e beber por todo o caminho.
Minha equipe de apoio resistiu
bravamente, ganhando algumas queimaduras de sol.
No dia seguinte fomos até o local da
premiação e encontramos o Mario Lacerda, sempre em todos os caminhos.
Em cada corrida aprendo mais uma coisa.
Nesta foi: o piso faz toda a diferença, só concreto não é fácil não, mesmo
no plano.
Regina Gastaldo