quarta-feira, 29 de novembro de 2023

UAI - Ultramaratona 235 km - julho de 2023 por Pedro Luiz Cianfarani

 Depois de muitos anos fazendo provas acima de 200 km, decidi começar a fazer provas novas e finalizar algumas das principais no Brasil e resolvi começar pelos 235 km da UAI que aconteceu em 7 de julho de 2023 e como falei na postagem anterior vim de uma sequência de provas bem pesada coisa que não gosto de fazer, mas infelizmente aconteceu e procurei fazer de forma de não sobrecarregar o corpo.

Formei minha equipe tradicional com minha companheira Claudia e meu treinador e irmão Beto que já me acompanham em muitos de meus desafios.

Assim em uma manhã de sexta-feira, muito fria, demos a largada saindo de Passa Quatro, primeiro PC seria em Itamonte e sem sair do meu estilo percorri os 20 km de forma bem conservadora e sem apoio que só poderia me acompanhar a partir de Itamonte.

Próximo trecho seria até Alagoa com o primeiro grande desafio da prova, uma subida constante por uma rodovia até chegar na entrada do Garrafão ¹ e neste trecho sempre acompanhado de perto pelo meu apoio, e passando o Garrafão segui sozinho em mais um trecho sem apoio vindo a encontra-los pouco antes de Alagoa onde chegamos no próximo PC com 65 km e uma ótima estrutura. 

Abastecido parti para Aiuruoca em um trecho de 30 km e com a noite e temperatura caindo muito e procurei manter meu ritmo sempre constante e acumulando kms até vencer mais uma etapa até Aiuruoca acumulando assim 95 km e cada vez mais frio. Para imaginar como estava frio pedi uma sopa para Claudia para tomar antes de seguir rumo ao Papagaio, e para minha surpresa quando encontrei minha equipe a Claudia me falou que não conseguiu preparar a sopa porque o fogareiro não conseguiu esquentar o suficiente. Será que estava frio?

Mas a estrutura da prova estava impecável e o PC sempre bem servido, então pude contar com uma sopa quentinha  para esquentar o corpo e seguir no trecho considerado o mais desafiador. E agora abastecido e bem aquecido com roupas apropriada segui rumo a pousada da família Garcia no ponto mais alto da prova, na Serra do Papagaio. Chegando na pousada que é um PC procurei não parar muito apenas dei o nome me abasteci de agua e segui caminho para não sentir a mudança de temperatura aconchegante dentro da pousada.

Agora enfrentaria o pior trecho, uma longa descida com muito buraco e pedras soltas, um prato cheio para uma lesão. Tive 3 quedas e uma delas bem feia onde pensei ter lesionado o joelho ou melhor o que sobrou dele rsrsrs .... Neste trecho realmente perdi muito tempo descendo com muito cuidado para evitar mais tombos e quase no raiar do dia chego no próximo PC no Gamarra com 135 km.

Tomei um café reforçado e parti para os últimos 100 km e agora com uma temperatura mais agradável onde o frio havia dado uma trégua e voltando ao meu ritmo conservador e constante sigo em frente passando por Baependi e chegando até Caxambu no próximo PC e neste trecho pude contar com a companhia ao meu lado hora da Claudia, hora do Beto, neste PC apenas me identifiquei e segui para São Lourenço e aliviado por saber que começaria nos 50 km finais. 

Nesta hora precisei reforçar as bandagens do pé para não ter surpresa com as bolhas e me sentindo muito bem coloquei um ritmo forte e constante aproveitando um longo trecho plano e pensando em apenas finalizar a prova, nesta hora chega a 2ª noite e o último PC no Bar do Zé Maria.

Com a vontade de terminar crescendo por saber que só restaria 30 km para finalizar, mas sabia que ainda enfrentaria meu último desafio, uma serra de 11 km e chegando ao pé da serra a Claudia que bravamente havia me acompanhado entrou no carro dando lugar para meu irmão Beto me auxiliar no ritmo e como sempre gosto de fazer ao final de qualquer desafio aumento meu ritmo subindo os 11 km sempre correndo , quando a Claudia parava o carro no meio da serra perguntando se precisava de alguma coisa e sempre respondia que só iria comer ou beber algo quando finalizasse a subida e apenas gostaria de terminar.

Terminando a subida restava apenas os últimos 12 km sendo 4 km de descida até a cidade e nesta hora com a 2ª noite começa as alucinações ² onde tinha a nítida impressão que havia atletas chegando, todos sabem que não me preocupo com colocações, mas no final dos 235 km queria manter esta minha colocação e procurei manter meu ritmo até o final finalizando em pouco mais de 40 horas, 3º colocado e muito feliz e sensação de missão cumprida.

1 – Pouco antes de chegar na entrada do garrafão um caminhão de leite encosta ao meu lado e pede para tomar cuidado com os javalis que como haviam alguns com cria ficavam agressivos chegando a atacarem até os carros quando passavam pela rodovia rsrsrs.

2 - Ainda sobre a impressão de atleta chegando quando comecei a ver luzes chegando meu irmão confirmou que não havia ninguém chegando e não me falou nada porque viu que eu estava bem motivado rsrsrs.

Sem palavras para agradecer minha equipe e sempre falo que o sucesso do desafio são de todos.

Obrigado minha amada Claudia e meu irmão e parceiro Beto