O ano de 2023 começou em grande estilo pra família
Cianfarani. Fugindo do habitual, meu irmão Pedro Cianfarani e eu (Beto
Cianfarani) decidimos enfrentar os 217 km da BR135 juntos, na categoria dupla.
Pedro, nos últimos anos, vem se dedicando a enfrentar desafios longos e
ritmados, normalmente superiores à 200 km, onde seu treinamento, de maneira
geral, o prepara para tais provas longas e estratégicas. Já esse que vos
escreve, vem se dedicando a treinos curtos e intensos, bem longe do ambiente
competitivo, usando a corrida mais como um instrumento para a estética e saúde,
mas dando condições de enfrentar com qualidade as mais diversas provas. Pedro
já concluiu a BR muitas vezes, em sua maioria solo. Essa seria minha quinta
participação no evento, a segunda em revezamento. Dentro de nossas rotinas,
profissionais e pessoais, nos dedicamos a um bom treinamento, equilibrado e
prudente, na expectativa de adquirir as melhores condições para fazer uma boa
prova. Desde a decisão de nossa participação, decidimos que curtiríamos o
percurso, levando a sério a estratégia, mas sem deixar de curtir o visual do
percurso. Fizemos rodagens longas, treinos Intervalados, treinos em percurso
montanhoso, tudo na expectativa de obter boas condições de enfrentar o tão
difícil percurso da BR135. Pedro ainda usou os 100 km da UAI Reverse como
treino, tudo pensando em chegar em bom estado pra prova. O clima e as condições
das estradas de terra nos preocupavam muito, pois chovia a várias semanas na
região da prova, circunstâncias que poderiam dificultar ainda mais uma prova
que com certeza já seria muito dura. Quem cuidaria do nosso apoio seria minha
cunhada Claudia, esposa do Pedro, responsável por dirigir, ajudar na
alimentação e logística, ou seja, tarefa bem difícil para realizar sozinha. Após toda tensão normal antes da largada, fui responsável por abrir o revezamento, objetivando
imprimir um ritmo intenso no início e pegar as estradas de terra em melhores
condições, antes que toda multidão de carros passassem. Tinha certeza que seria
uma prova cansativa, como sempre, mas arriscamos um ritmo intenso nos primeiros
100 km. Pegamos muita lama até chegar a cidade de Andradas, com um pouco menos
de 60 km, mas aos poucos o percurso foi melhorando, não sendo atrapalhado pelas
condições das estradas. Por volta do km 70, tive que contornar alguns problemas
gastro intestinais, além de uma queda de pressão, situação que aumentou a
tensão em nossa equipe. Nesse momento, Pedro bravamente segurou a pressão, ajudando
na manutenção do nosso ritmo. Alguns quilômetros depois, me reestabeleci e
voltamos para o jogo. Enfrentamos bem a madrugada, revezando entre 2 a 3 km
cada, se mantendo bem até Borda da Mata, no km 140. A partir daí, o desgaste
bateu e o sofrimento e as dores muscular foram nossos companheiros. Até a
cidade de Estiva, próximo ao km 180, estávamos em primeiro lugar entre as
duplas. Fomos ultrapassados na entrada do centro de Estiva, perseguindo assim a
dupla que estava em nossa frente. Nos esforçamos muito, tirando de nossos
corpos tudo que tínhamos, mas estava bem difícil recuperar a primeira posição,
ocupada naquele momento por uma excelente dupla de Brasília. Nos últimos 18 km,
o carro de apoio não estava passando, deixando a tarefa de enfrentar esse
último trecho para o Pedro, que naquele momento é quem estava em melhores
condições na dupla. Ele pegou muita chuva e muita lama, conseguindo imprimir um
forte ritmo, na intenção de recuperar a primeira colocação entre as duplas. Não
foi possível, perdendo ainda nos quilômetros finais a segunda colocação,
finalizando a prova em terceiro lugar entre as duplas, com 30 horas e 23
minutos de prova. Foi maravilhoso ter enfrentado esse percurso insano ao lado
do meu irmão, dividindo todas as dificuldades, buscando tirar forças daquilo
que já estava cansado. Sensação de dever cumprido, onde Claudia conseguiu
bravamente nos ajudar sozinha e Pedro e eu dar nosso máximo e concluir mais uma
vez a BR135!
sábado, 21 de janeiro de 2023
Dupla Cianfarani na BR135
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