Assistindo
filmes históricos de guerra, aquele entretenimento superficial de fim de
semana, me peguei refletindo como seria um treinamento para esse episódio tão
triste e catastrófico. Uma guerra leva o ser humano ao extremo do extremo, seja
físico ou psicológico, onde muitos acabam sucumbindo para si mesmos, antes de cair
diante de seu adversário. Como estimular os aspectos exigidos a fim de deixar o
combatente preparados para defenderem sua pátria ou causa, sem eliminá-lo ainda no
treinamento. Em meio a essa reflexão, veio a mente a preparação que nós, os
ultramaratonistas que participarão dos “300 km O Desafio”, organizado pela
Ultra Runner Eventos, faremos para estarmos prontos pra encarar essa temida distância.
Será que existiria algo específico, estímulos a serem executados que nos dariam
a certeza de estarmos preparados para engolir os 300 km, sem anseio ou temor?
Mesmo com a ciência evoluindo a cada dia, estruturando o conhecimento
científico que dá base aos treinadores, para desenvolverem uma preparação organizada,
muito se discute na ultramaratona, principalmente sobre o volume e a
intensidade dos treinos a esses atletas, que em sua grande maioria, trabalham o
dia inteiro, dormem pouco e se viram no avesso para acharem um tempinho pra
treinar. Muitos atletas se entopem de rodagens, castigam seus corpos em treinos
de força, chegam a percorrer quilometragens insanas, deixam suas vidas
exclusivas a corrida, a fim de se prepararem plenamente para uma ultramaratona,
passam da linha e chegam sem condições físicas de correr a prova. Daí vem
novamente a pergunta, como se preparar para uma prova de tamanha distância,
como os 300 km do “O Desafio “? Respeitando cada teoria de cada treinador,
observa-se em comum que muitos estimulam a capacidade aeróbia, com muitos
treinos longos, específicos que essa modalidade exige, rodagens de muitas
horas, normalmente em baixa intensidade, auxiliando no aumento da auto
confiança do atleta. Outros treinos que acabam sendo frequentes, são quando esses
desafios serão realizados em montanhas, são as rodagens em subidas e descidas, no
meio do mato ou até mesmo em plena zona urbana, onde os atletas sobem e descem
sem parar, durante horas e horas. No meio disso tudo, encontramos a musculação
pra fortalecer a musculatura e os treinos intervalados de intensidade (os
tiros) com seus objetivos de adaptações fisiológicas, tudo isso pra deixar o
atleta preparado pra guerra. Encaixar tudo isso a um ser humano que trabalha
por 12 horas diárias, dorme pouco e normalmente não tem uma dieta ideal, torna
– se um quebra cabeça, para não correr o risco de ao invés de deixa-lo
preparado no dia da prova, ele esteja exausto, com várias tendinites,
literalmente quebrado para percorrer seu desafio. Estar resistente às muitas
horas de atividade, forte para superar as terríveis subidas, emocionalmente
pronto para virar várias madrugadas e ainda por cima feliz por estar nessa
prova que promete ser um sucesso, vem de encontro com a maioria dos atletas que
temos contato. O treinamento foi realizado com sucesso, alcançamos nossos objetivos traçados quando
decidimos enfrentar “O Desafio “.No dia 21 de Abril, meu irmão Pedro Luiz e eu,
enfrentaremos os 300 km da Ultra Runner e veremos se nossa estratégia de treino
nos preparou de forma significativa ou não para nossa “guerra”. Depois contamos
como foi!
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