Ter
o privilégio de presenciar uma tremenda amostra de bravura, perseverança e
extrema resistência mental e física não se tem todo dia. Tive esse privilégio
no dia 21 de abril, mais precisamente no “300 o Desafio “, prova piloto que tive
a honra de estar presente entre os 25 atletas que largaram, na busca pela
conclusão dos 300 km. Percorri aproximadamente 145 km, estando durante boa
parte desse tempo na companhia de Agnaldo Sampaio e Gecier Gomes, atletas experientes,
amigos de longa data, guerreiros que escreveram seus nomes na história dessa
tão promissora prova, organizada pela Ultra Runner Eventos. Infelizmente, assim
como eu, Agnaldo e Gecier não concluíram os 300 km, prejudicados por enfermidades
e problemas físicos. Me restava entrar no carro de apoio e dar incentivo ao meu
irmão Pedro Luiz, que ainda estava na
prova. Ele percorreu os 145 km ao meu lado, enquanto estive na prova, seguindo
sozinho após meu abandono, dando uma
verdadeira lição de perseverança e resistência físico – mental, emocionando a
todos que acompanharam o evento. Os primeiros 100 km da corrida era a parte
mais fácil de todo o percurso, possibilitando aos atletas imprimirem ritmos
mais acelerados. A temperatura surpreendeu a todos, castigando a maioria dos corredores,
influenciando a segunda metade da prova. Enquanto esteve ao meu lado, Pedro se
mostrava centrado, organizado em seu ritmo,
sincronizado com sua estratégia, avançando de forma segura com o passar
do tempo. A equipe de apoio estava alinhada, amparando o atleta em tudo que
precisava. A equipe era formada por Carlos Maurício, Dicler Agostinetti e José
Antônio Parreira, amigos fiéis que não
deixaram Pedro um só segundo de lado, imersos na missão de conduzi-lo até a
linha de chegada com segurança. Vale destacar o belíssimo cenário que
presenciamos pela histórica estrada Real,
que nos conduziu desde a cidade de Tiradentes até Passa Quatro, tudo
pelo território mineiro. Quanto mais percebia o desgaste emocional em seus olhos, mais notava sua entrega na corrida, em superar um
percurso que a cada quilômetro ficava
mais difícil. Em determinado momento da prova, seu ritmo deu uma caída, dando parecer que poderia ter grandes
problemas pra superar toda distância. Mas como já citado, quanto mais cansado, mais Pedro se entregava em
sua missão. Após correr quase toda prova entre os primeiros colocados, Pedro
Luiz Cianfarani terminou a corrida em terceiro lugar geral masculino, vencendo
a distância, o sono, o cansaço, superando os temidos 300 km, em pouco mais de
55 horas, sem dormir, com pequenas pausas de descanso, mostrando que uma
ultramaratona se completa mais com o coração do que com o físico. Parabéns
Pedro, por essa exibição ímpar de força, resistência e coragem.
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