segunda-feira, 25 de abril de 2011

100 KM da Praia Grande


Os indícios da semana antecedente aos 100 km da Praia Grande foram confirmados no dia da prova. A alta temperatura com um céu aberto, totalmente sem nuvens, foi concretizado durante quase todo tempo nas 250 voltas a serem cumpridas na pista de atletismo no litoral sul paulista. Aquilo que já seria difícil sem muito calor, percorrer 100 km antes de 12 horas, tornou-se ainda mais complicado, exigindo ainda mais dos super-atletas que buscavam a conclusão da prova. A prova contou com as categorias duplas e quartetos, revezando entre as equipes, apimentando ainda mais o ritmo da categoria solo.
A prova foi vencida por Vanderley Pereira, com 8 horas e 7 minutos. Lutando pela segunda colocação, Sinval Moreira e Mauro Rosa travaram uma bela batalha. No final, as pouquíssimas paradas de Sinval fizeram a diferença, conquistando o segundo lugar, deixando para Mauro a terceira colocação. Na categoria feminino, nenhuma atleta conseguiu percorrer os 100 km, tendo Maria Claudia Souto a maior distância percorrida nas 12 horas limite de prova, percorrendo 95,6 km.
Os “ultra loucos” que lá estiveram se esforçaram ao máximo em busca da conclusão, mas não sendo possível completa-la, valendo o reconhecimento pessoal do esforço como recompensa. Dicler Agostinetti lutou até o fim, permanecendo todo tempo na pista, travando mais uma batalha com seu maior inimigo, o calor. Mesmo sem completar os 100 km, ele venceu essa batalha, pois em nenhum momento deixou a alta temperatura lhe obrigar a sair da pista, tendo 85 km de distância percorrida na décima segunda hora. Pedro Luiz (meu irmão) mostrou mais uma vez valentia, levantando-se de queda de rendimento, correndo contra o relógio, em busca da conclusão. Quase seu objetivo foi cumprido, percorrendo 92 km em 12 horas. Já minha prova foi algo totalmente frustrante, deixando um gosto amargo em minhas perspectivas. Com meu tradicional começo de prova lento, ocupava as últimas colocações dos inscritos. Com o passar do tempo, o calor aumentava, o ritmo dos adversários caia e o meu permanecia, ganhando pouco a pouco importantes colocações. Ao completar 6 horas de prova, havia percorrido quase 60 km, ocupando a décima primeira colocação. Sem sentir um desgaste preocupante, mantive o mesmo ritmo na sétima hora, quando parei para urinar, levando um grande susto. Um forte ardor no canal urinário, me levou a procurar imediatamente meu amigo Dicler Agostinetti, médico de profissão. Me questionou se alem do ardor a urina estava escura, que indicaria um futuro problema renal. No momento a cor realmente estava clara, mas na volta seguinte, resolvi tirar a limpo, parando novamente no sanitário, verificando que minha urina estaria cor de “coca-cola”. Dicler verificou a cor e me aconselhou a abandonar a prova imediatamente. Era como escolher entre meu orgulho de corredor e buscar um lugar entre os 5 primeiros ou meu indispensável rim. Era o fim da minha prova. Abandonei a prova totalmente inteiro, sem dores musculares, câimbras, ou minhas famosas quedas de pressão. Tive que por a razão na frente da emoção. Parabéns a todos que estiveram presentes nesse desafio tão duro e desgastante. Certamente alem de valentes, estamos dando um importante incentivo a esse esporte que tanto amamos, a ULTRAMARATONA. Até a próxima!!!!

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