sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ultramaratona BR 135 - Brazil 135 Ultramarathon

BRIGA PELA VITÓRIA

Após alguns anos de hegemonia brasileira na ultramaratona mais dura em nosso país, enfim sagra-se a primeira vitória estrangeira na Brazil 135 Ultramarathon, realizada entre os dias 21 à 23 de Janeiro, com largada em São João da Boa Vista e chegada em Paraisópolis, ambas interior de São Paulo. O detentor do feito foi Lindermueller Kurt, atleta Alemão, com o tempo de 28 horas e 19 minutos, suportando a alta temperatura, vendo pouco a pouco alguns favoritos abandonarem a prova, sobrando em seus braços a tão desejada vitória. A segunda e terceira colocações ficaram, respectivamente, com os brasileiros Ariovaldo Trindade Branco com o tempo de 31 horas e 24 minutos e Adilson Ligeirinho com 31 horas e 31 minutos, sete minutos apenas de Ariovaldo. No feminino, a vitória ficou com Débora Simas, que conquistou também a sexta colocação Geral, com o tempo de 33 horas e 49 minutos, chegando a frente de muitos marmanjos.


MISSÃO CUMPRIDA
Sempre pensando na vitória, Agnaldo Sampaio largou em São João da Boa vista com um outro propósito, o de alcançar de qualquer forma a cidade de Paraisópolis, local da chegada da prova, levando consigo uma imagem de São José, padroeiro da cidade, não importando o tempo que custasse tal trajetória. Lutando contra uma alta temperatura, Agnaldo sucumbiu a um mal súbito, parando na pousada do pico do gavião para descansar e se recuperar, tornando a briga pela vitória cada vez mais difícil. Ele acompanhou seu pupilo, Dicler Agostinetti até a serra dos Lima, onde parou mais uma vez para um descanso. Após 41 horas e 53 minutos de prova, Agnaldo Sampaio, cumprindo sua promessa, chegou em Paraisópolis, ocupando o décimo terceiro lugar geral, levando consigo a imagem de São José, que foi colocada na igreja da cidade logo após a conclusão da prova. Por toda prova, ele teve o auxilio de sua namorada, Patrícia Rezende, ajudando-o em todos os momentos a cumprir, acima de tudo, a meta de cruzar a linha chegada, após terríveis adversidades de tal prova.

UM SONHO ADIADO



Seguindo a estratégia planejada, já sabendo das dificuldades que enfrentaria, Dicler Agostinetti iniciou sua prova de forma cautelosa, tentando resistir ao seu maior inimigo, o forte calor. Evitando uma desidratação precoce, Dicler, sempre que possível se hidratava. Antes de iniciar a subida do pico do gavião, os atletas perdiam contato com seus carros de apoio, ficando muitos quilômetros com pouca água, proporcionando a ele seu primeiro mal momento na prova, provocado pelo forte calor. Com muita água e força de vontade, recuperou-se, alcançando o ápice do pico do gavião, usando a descida para relaxar. A estrada ingrime e com chão acidentado repleto de pedras que ligava o pico do gavião ao centro da cidade de Andradas castigaram a musculatura de Dicler, que mesmo sentindo um forte desgaste seguiu m frente, rumo a serra dos Lima.. Até Andradas, ele teve a companhia de Pedro Luiz (meu irmão), que desde a largada acompanhou seu grande amigo, dando muita força e incentivo. A partir de Andradas, Pedro foi com o carro de apoio, que era dirigido por Caio de Castro, um grande amigo, que o conduziu durante todo tempo. Foi a partir daí que comecei (Beto Cianfarani) a acompanha-lo, contando também com a presença de Agnaldo Sampaio (citado acima), sentido serra dos Lima. Nesse momento, o ritmo de prova estava mais cadenciado, mesclando a corrida com uma necessária caminhada nas terríveis subidas de altíssima inclinação. Passando pela serra dos Lima, Dicler e eu seguimos sentido Barra. Já estava escurecendo, necessitando o uso das lanternas, que mesmo com elas era dificílimo enxergar os buracos na trilha. Até a cidade de Crisólia, os atletas não tinham contato com seus carros de apoio, percorrendo quase 23 km sem nenhum auxilio. A cada vez mais, a escuridão envolvia a estrada esburacada, dificultando nossas vidas, que somado com o cansaço castigava o corpo de Dicler, tornando o caminho até Crisólia ainda mais difícil. Chegamos em Crisólia quase duas horas da manhã, onde encontramos o carro de apoio. Após 30 minutos de repouso, Dicler seguiu viagem na companhia de Pedro, sentido Ouro Fino. Ainda sentindo muito cansaço após 18 horas de prova, o ritmo era cada vez mais cadenciado, obrigando-o a mais uma parada de repouso na cidade de Ouro Fino. Após um cochilo de um pouco mais de uma hora, Dicler retomou sua corrida, bem disposto, ainda acompanhado por Pedro Luiz, seguindo num ritmo relativamente forte, sentido a cidade de Inconfidentes. O ritmo era ótimo, recuperando muito tempo que esteve parado. Quando tudo parecia perfeito, após um ressurgimento das cinzas, numa longa descida, Dicler pisou num buraco, torcendo sua perna esquerda, sofrendo uma ruptura na musculatura da panturrilha. Era o fim de prova para o bravíssimo atleta, que havia se preparado durante um ano todo para esse desafio, superando vários obstáculos, acaba sofrendo uma considerável lesão, tirando de seu sonhado objetivo. Após a lesão, Dicler ainda percorreu 3 km até o posto de controle, em Inconfidentes, sentindo muita dor. Após 115 km rodados de muita luta, nosso guerreiro guardou sua meta de completar a BR 135 no fundo do Baú de seu coração e certamente, num futuro próximo, estará novamente nos caminhos da fé, pronto para vencer os 217 km da Brazil 135 Ultramathon. Parabéns a todos que estiveram neste desafio dificílimo, correndo ou ajudando. Parabéns Agnaldo Sampaio por seguir em frente...Parabéns Guerreiro Dicler, pela amostra de valentia, garra e perseverança...você certamente é o nosso herói.

Veja alguns Vídeos no YouTube


www.youtube.com/watch?v=DCgltOZ3mqg

www.youtube.com/watch?v=aTHCmrX782Y

www.youtube.com/watch?v=PIEysg6FtYs

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