sexta-feira, 28 de março de 2025

Ultramaratona Transmantiqueira (UTM) – 15 de março de 2025

No último dia 15 de março, participei da Ultramaratona Transmantiqueira (UTM), uma prova que percorre um trecho da Serra da Mantiqueira, saindo do Horto Florestal de Campos do Jordão e chegando a Passa Quatro, passando por Delfim Moreira e Virgínia.

Dessa vez, optei por correr em dupla com meu amigo Emerson, que também treina comigo e é aluno do meu irmão no @forzacianfarani . Poderíamos ter feito os 50 km solo, mas escolhemos o desafio maior: os 100 km em dupla, onde cada um correu 50 km.

Fui responsável pela primeira metade do percurso. Ainda sentindo um pouco o desgaste da Brasil 135, fui para participar da festa, sem preocupações com tempo ou colocação. A largada atrasou um pouco por questões logísticas, mas logo partimos, junto com os atletas dos 100 km solo e também do mountain bike.

Nos primeiros quilômetros, fiquei atento ao meu joelho, mas felizmente ele não incomodou, principalmente nas subidas. Mantive um ritmo constante e consegui me sentir bem na primeira grande subida. Nas descidas, que não são meu ponto forte, administrei o ritmo.

Quase na metade do percurso, peguei uma chuva forte, mas como o solo ainda estava seco, não chegou a atrapalhar ou deixar o terreno escorregadio. Consegui seguir bem até o primeiro PC, no km 25, onde fiz uma rápida hidratação, tomei meu suplemento e segui para a segunda metade do meu trecho.

Na segunda parte, encarei uma longa subida, não muito inclinada, mas exigente. Nessa parte, consegui ultrapassar alguns atletas dos 100 km solo, que estavam em um ritmo mais conservador. Depois da subida, veio uma grande descida até o ponto de troca, onde passei a responsabilidade para o Emerson completar os últimos 50 km da prova.

Enquanto aguardava a chegada, vi que o segundo trecho da prova ficou bem complicado devido à chuva. O terreno ficou muito escorregadio, e vários atletas chegaram com sinais de quedas. Vi corredores com arranhões, e uma atleta chegou com o rosto todo ralado, bem machucada. Segundo o Emerson, a segunda parte foi bem intensa por causa das condições do solo.

No final, deu tudo certo: ficamos em primeiro lugar na categoria duplas! Mais uma grande experiência, curtindo as montanhas, os estradões e essa paixão que nos move!

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Brazil 135 Ultramarathon – Minha 13ª e última participação solo na 20ª edição da prova

 

A Brasil 135 completou, em 2025, sua 20ª edição ininterrupta. Isso mesmo, foram 20 anos consecutivos dessa prova lendária, independente de qualquer desafio, até mesmo da pandemia. E essa foi a minha 13ª participação, que também marquei como minha última participação solo. Coloco entre aspas porque essa despedida é apenas da prova no formato individual. A Brazil 135 evoluiu e hoje oferece outras modalidades, como duplas, quartetos e até distâncias menores. Ou seja, eu ainda voltarei, mas de outra forma.

 


Um novo formato para a BR135

 

A edição de 2025 veio com uma grande novidade: agora, todos os atletas se inscreviam para 150 milhas (241 km), mas havia pontos de corte opcionais. Quem não conseguisse seguir até o final não precisava abandonar completamente a prova, podendo concluir em distâncias menores e ainda receber a medalha correspondente. O percurso foi dividido assim:

                             55 milhas (88 km) – até Inconfidentes

                             80 milhas (129 km) – até Tocos do Mogi

                             100 milhas (161 km) – até Estiva

                             120 milhas (193 km) – até Paraisópolis

                             135 milhas (217 km) – até Luminosa

                             150 milhas (241 km) – chegada em Paraisópolis

 

Outra mudança importante foi na largada, que aconteceu em Águas da Prata, ao invés de São João da Boa Vista. Isso acrescentou um trecho novo e ajustou a distância final da prova. Apesar dessas mudanças, o nome Brazil 135 foi mantido, mesmo agora sendo uma prova de 150 milhas (241 km).

 

Uma preparação que quase não existiu

 

Por ser minha última participação solo, eu queria fazer minha melhor prova. Mas, como o destino adora testar nossa resiliência, tudo mudou em dezembro. No meu último treino longo até Bertioga, uma velha lesão no joelho voltou a incomodar. Resultado? Fiquei praticamente um mês sem treinar.

 

Minha preparação se resumiu a fortalecimento, gelo e muita massagem, tentando deixar o joelho minimamente funcional para encarar os 241 km. Ou seja, larguei para minha última BR135 sem treinos e sem preparo algum. E aí, já dá para imaginar que essa prova seria uma das mais difíceis que eu já encarei…

Equipe fechada, emoção no congresso técnico e largada

 

Para essa minha última participação solo, montei minha equipe com dois grandes parceiros de sempre: minha esposa Claudia e meu irmão Beto. Mas dessa vez, tive um reforço especial: meu amigo de treino Emerson, que veio para somar nessa jornada de 241 km.

 

A emoção já começou no congresso técnico, no dia 8 de janeiro. O organizador entregou uma medalha especial para os atletas com mais de 10 participações, e eu fui um dos homenageados, com minhas 12 participações anteriores. Agora, estava pronto para a 13ª e última solo.

 

Depois do congresso, fui para o hotel fazer os últimos preparativos e garantir um bom descanso antes da largada. Sabia que, com minha lesão no joelho e a falta de treinos, teria que administrar cada quilômetro com inteligência.

 

Largada e um começo diferente

 

No dia 9 de janeiro, lá estava eu na largada, em Águas da Prata, com destino à primeira cidade do percurso, Andradas. O clima era de reencontro, com muitos amigos das antigas aparecendo para prestigiar a 20ª edição da BR135. Era uma largada especial, cheia de energia e lembranças.

 

Assim que a prova começou, saí com minha estratégia de sempre: ritmo constante, tranquilo, sem exageros. Mas logo percebi que essa edição tinha um perfil bem diferente das anteriores.

 

Nas edições passadas, largávamos de São João da Boa Vista e já encarávamos a temida Serra do Deus Me Livre, um paredão que exigia muito logo de cara. Dessa vez, essa serra ficou de fora, e o percurso começou de forma mais suave. A primeira grande subida viria apenas no Pico do Gavião, mas nessa altura já estávamos bem aquecidos, o que deixou a escalada mais tranquila.

 

Com isso, chegamos em Andradas muito mais inteiros do que nos anos anteriores, sem aquele desgaste inicial brutal. Em provas passadas, Andradas já era um ponto onde o cansaço começava a pesar, mas desta vez foi diferente. O trajeto até lá foi bem fluído, sem muitas dificuldades.

 

Depois de Andradas, veio a Serra dos Limas, uma subida curta, de pouco mais de um quilômetro. Nada que se comparasse ao que enfrentávamos antes. Os trechos seguintes foram relativamente tranquilos, passando por Crisólia, Ouro Fino e até Inconfidentes, onde estava o primeiro PC para quem quisesse encerrar a prova com 55 milhas (88 km).

 

E realmente, muitos atletas optaram por parar ali, aproveitando essa nova estrutura da prova. Mas para mim, aquele era apenas o começo da jornada. Eu ainda tinha muitos quilômetros pela frente.

 

O verdadeiro teste: as descidas intermináveis

Se até Inconfidentes o percurso tinha sido tranquilo, a partir dali começaria a verdadeira prova para mim e, principalmente, para o meu joelho. O caminho rumo a Borda da Mata marcava o início das subidas e descidas intermináveis, e eu sabia que nas descidas é que sentiria mais o impacto da lesão.

 

Curiosamente, nas subidas ou trechos planos eu não sentia nada, mas bastava começar uma descida para perceber que precisaria administrar muito bem a dor e o esforço. Então, minha estratégia seguiu a mesma: ritmo controlado, sem exageros, focado em completar a prova.

 

Entre Borda da Mata e Tocos do Moji, eu ainda me sentia bem, com disposição sobrando. Mas sabia que os desafios de verdade ainda estavam à minha frente. Esse trecho já me deu um indicativo de que as descidas cobrariam um preço alto, então precisei redobrar a atenção para não forçar demais.

 

A partir desse momento, minha equipe começou a me acompanhar mais de perto. Beto, Emerson e Claudia revezavam a companhia ao meu lado, principalmente agora que a noite se aproximava. Era um grande diferencial ter esse apoio, pois me mantinha motivado e focado.

 

Mesmo precisando segurar o ritmo nas descidas, meu desempenho seguia sólido e controlado. O grande desafio era manter a paciência e a disciplina, respeitando o que meu corpo estava me dizendo.

 

Surpresa no percurso: desvio inesperado e calor intenso

 

Quando chegamos a Estiva, fomos surpreendidos por uma mudança no percurso. As fortes chuvas que antecederam a prova derrubaram uma ponte, forçando a organização a criar um desvio de aproximadamente 9 km.

 

Ou seja, a prova ficou ainda mais longa do que os já tradicionais 241 km. Mas fazer o quê? Era mais um obstáculo a ser superado, e seguimos em frente.

 

O problema foi que, nesse trecho, o calor estava insuportável. A BR135 sempre testa seus participantes de todas as formas, e o calor extremo foi um dos maiores desafios desta edição. Nessa hora, a hidratação e a reposição de eletrólitos foram essenciais para evitar problemas.

 

Normalmente, ao final do dia, a prova é marcada por pancadas de chuva, mas, por sorte, não peguei nenhuma tempestade. Vi algumas formações de chuva pesadas se aproximando, mas consegui escapar delas todas as vezes.

 

A brutalidade da Serra do Caçador

Após vários trechos com serras menores, finalmente cheguei a um dos trechos mais temidos da prova: a Serra do Caçador.

 

Foram quase 4 km de subida ininterrupta, um verdadeiro teste de resistência e preparo físico. A musculatura respondeu muito bem, pois eu havia treinado bastante essa parte.

 

O problema veio na descida rumo a Consolação.

 

Ali sim meu joelho começou a dar sinais mais evidentes do impacto da lesão. Cada passo na descida era um lembrete de que eu precisava administrar a dor, pois ainda havia muitos quilômetros pela frente.

 

A BR135 sempre nos lembra que ninguém passa por ela sem sofrimento. Eu já sabia disso, mas agora era hora de lidar com essa realidade e continuar.

 

O questionamento em Consolação

A poucos quilômetros de Consolação, meu pensamento começou a mudar. Até ali, eu estava focado em completar as 150 milhas, mas, com as descidas cobrando cada vez mais o preço no meu joelho, pela primeira vez comecei a reconsiderar meu plano.

 

Eu já havia passado por Tocos do Moji (80 milhas), Estiva (100 milhas) e agora me dirigia para Paraisópolis (120 milhas). O trecho entre Consolação e Paraisópolis era majoritariamente plano, e foi ali meus pensamentos começaram a pesar mais do que o corpo.

 

Quando vi minha equipe parada para me dar hidratação e suplementos, chamei todos e perguntei:

 

— Se eu parar nas 135 milhas, vocês vão ficar chateados comigo?

 

A resposta foi unânime e imediata:

 

— Imagina! A gente está vendo o que você está passando nas descidas. Ainda tem um trecho gigante de descida no final. Pensa bem! Estamos com você.

 

Era tudo o que eu precisava ouvir. Ainda faltava chão para tomar uma decisão definitiva, mas algo já havia mudado dentro de mim.

 

Decisão tomada

Foi nesse momento, num trecho plano antes de Consolação, que meu corpo tomou a decisão antes da minha mente.

 

Aumentei o ritmo. Meu irmão, que estava me acompanhando, percebeu na hora.

 

— Já decidiu o que vai fazer, né? — perguntou ele, rindo.

 

— Já. Vou parar nas 135 milhas.

 

A decisão estava tomada. Segui firme, sabendo que meu objetivo agora era outro: fechar mais uma Brasil 135 no currículo, respeitando meus limites e saindo de cabeça erguida.

 

A chegada em Paraisópolis e a última grande subida

 

Chegando em Paraisópolis (120 milhas), encontrei a organização e vários amigos que já haviam finalizado suas provas, muitos deles em revezamento. Vários me pediram para repensar minha decisão e parar nas 120 milhas, já que o trecho até Luminosa seria uma sequência brutal de descidas.

 

Mas eu já tinha a resposta pronta:

 

— Quero fechar mais uma Brazil 135.

 

Saí de Paraisópolis com Claudia me acompanhando. Seguimos rumo a Canta Galo, um bairro conhecido por ter uma subida quase impossível. Mas subida não me assustava. O problema seria o que viria depois: 4 km de descida até Luminosa, a linha de chegada.

 

Minha equipe, já exausta pelo tempo dentro do carro, começou a me esperar mais adiante. Eles sentiam o cansaço acumulado de horas sem dormir, mas eu ainda estava na adrenalina e focado na chegada.

 

A última descida e o fechamento da jornada

A descida para Luminosa foi a pior parte. Dolorida, exigente, lenta. Cada passo era calculado para não forçar demais o joelho e evitar uma lesão ainda maior.

 

Mas a chegada estava logo ali.

 

Quando finalmente cruzei a linha de chegada, foi com um misto de alívio e satisfação.

 

Foi meu maior tempo nas 135 milhas, mas eu não estava sozinho nessa. Todos os atletas relataram tempos mais altos que o normal. A prova, que começou tranquila, revelou-se mais dura do que nunca ao longo do percurso.

 

Mesmo assim, conquistei a 6ª colocação nas 135 milhas. Se tivesse continuado para as 150, estaria muito bem posicionado também.

 

Mas eu não precisava mais provar nada para ninguém.

 

Missão cumprida e agradecimentos

 

Na 20ª edição da Brazil 135, minha 13ª participação solo, completei minha última prova nessa distância.

 

O regulamento permitia parar em outras distâncias sem ser desclassificado, então finalizei minha jornada sem arrependimentos.

 

Mas essa conquista não foi só minha. Nada disso seria possível sem minha equipe de apoio, que esteve comigo do início ao fim, garantindo que eu me mantivesse forte e focado.

 

Meu agradecimento especial à minha esposa Claudia, ao meu irmão Beto e ao meu amigo Emerson.

 

Vocês foram meus anjos da guarda durante essa jornada. É como sempre digo: nessas provas, a gente não é ninguém sem a nossa equipe de apoio. E vocês fizeram toda a diferença.

 

O que vem pela frente? Novidades em 2026!

 

E agora? A Brasil 135 não acabou para mim, apenas mudou de formato.

 

Ano que vem, vem novidade por aí.

 

Disse que não correria mais solo, mas já estou planejando um novo desafio para 2026. A Claudia está se recuperando bem da fratura no tornozelo e já voltando a correr. E se tudo correr como planejado…

 

O casal Cianfarani estará na Brazil 135 de 2026 – em dupla!

 

Aguardem novidades!

 

Um abraço a todos e até a próxima linha de chegada!

sábado, 28 de dezembro de 2024

A Trilha dos Sete Degraus: De Cunha a Paraty Correndo Pela Serra da Bocaina - Por Pedro Cianfarani

Trilha dos 7 Degraus
 Recentemente, estive em Cunha, interior de São Paulo, para uma viagem turística com a Claudia. Fomos visitar os famosos lavandários, as lojas e fábricas de cerâmica, além de aproveitar o ecoturismo em parques bem estruturados da região. Entre esses passeios, subimos até a Pedra da Macela, um dos pontos mais conhecidos da cidade.


Durante essa subida, reparei na entrada de uma trilha e notei que havia uma placa indicando quatro caminhos. Conversando com o segurança do parque, ele explicou que duas trilhas eram curtas, com cerca de 200 metros e 1 km, enquanto outras duas eram mais longas e desciam em direção a Paraty. Uma delas era a Trilha do Rio Pequeno, que terminava na BR, e a outra era a Trilha dos Sete Degraus, que chegava até bem próximo de Paraty, a cerca de 8 a 10 km do centro histórico.

Aquilo ficou na minha cabeça. Como amante de corrida, não podia deixar passar essa oportunidade. Conversando com a Claudia, propus um plano: no dia seguinte, enquanto ela seguiria de carro até Paraty, eu faria a trilha correndo e nos encontraríamos na cidade.

A ideia estava lançada. Corri atrás de informações sobre a trilha na internet, mas encontrei pouca coisa. Além disso, eu não tinha levado nenhum equipamento adequado: nem bermuda de corrida, nem camiseta específica, mochila de hidratação ou squeezes. Tive que improvisar. Arrumei uma bolsinha que consegui amarrar nas costas, levei água, fiz um bom café da manhã na pousada e, com um mapa salvo no celular, estava pronto para começar.

A Claudia me deixou na própria rodovia que leva até Paraty, cerca de 5 km antes da entrada do parque. A partir dali, segui por uma estrada de terra até alcançar o início da trilha. E foi então que começou a aventura.

Logo ao entrar na trilha, uma chuva forte começou a cair, lavando a alma e transformando aquele treino em algo ainda mais especial. No início, o caminho era relativamente tranquilo, com apenas algumas pedras pelo chão. Passei por uma fazenda, atravessei um curral com gado pastando e, ao cruzar uma porteira, continuei por um caminho que parecia ser uma antiga estrada, agora tomada pela vegetação.

A chuva dificultava bastante a visibilidade do mapa no celular. A tela molhada e a água escorrendo nos olhos tornavam cada consulta um desafio. Cheguei até uma segunda porteira, onde dois caminhos surgiram à minha frente. Após uma pausa para secar o celular e conseguir enxergar melhor o mapa, percebi que precisava pegar à direita, subindo uma trilha íngreme.
Serra da Bocaina



Quase no topo dessa subida, encontrei galhos caídos bloqueando parcialmente a trilha. Sem perceber, acabei desviando do caminho certo. Depois de alguns minutos procurando e com a ajuda do mapa no celular, consegui voltar à trilha correta.

Daquele ponto em diante, o caminho ficou mais claro e bem demarcado, mesmo sem sinalização. Segui com mais tranquilidade até me deparar com um trecho histórico: o Caminho do Ouro.

Esse trajeto secular, com pedras assentadas e muros de contenção nas laterais, trazia uma atmosfera única. Apesar do abandono evidente, era impossível não sentir a história impregnada naquele chão. A descida era extremamente técnica. As pedras, já naturalmente escorregadias, estavam ainda mais perigosas devido à chuva constante e à água que escorria pela trilha. Cada passo exigia cautela máxima.

Enquanto descia, percebi que o tempo estava passando mais rápido do que eu previa. Havíamos combinado que o trajeto levaria cerca de duas horas e meia, mas eu já estava próximo desse tempo e ainda tinha chão pela frente.

Foi então que o celular finalmente pegou sinal. Aproveitei para mandar uma mensagem de voz para tranquilizar a Claudia e avisei que estava tudo bem, mas que o percurso estava mais lento do que eu esperava.

Logo após a longa descida, cheguei à margem de um rio. Com as chuvas, o nível da água estava alto e exigiu cuidado extra para atravessar. Mas foi quase um ritual. A água gelada trouxe alívio e energia renovada, e aproveitei para me lavar antes de seguir viagem.

Paraty- RJ

Pouco depois, alcancei uma estrada de terra já dentro da Fazenda Pedra Branca, responsável por parte do abastecimento de água de Paraty. Dali em diante, o caminho era meu ambiente favorito: um estradão largo, perfeito para encaixar um ritmo constante de corrida.


A cidade já estava próxima. Cruzei meu ponto de encontro com a Claudia após 23 km de corrida, concluídos em pouco menos de 3 horas.

A sensação de chegar ao fim daquele treino foi indescritível. Mesmo durante uma viagem de lazer, consegui encaixar algo que amo fazer: correr. Foi um treino desafiador, repleto de obstáculos, mas também de momentos únicos e paisagens deslumbrantes.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

De São Bernardo do Campo a Passa Quatro em um intervalo de 7 dias: Superando Limites e Enfrentando a Chuva

O mês de novembro trouxe dois desafios intensos e complementares: uma prova de 12 horas na pista olímpica de São Bernardo do Campo e, uma semana depois, a Ultramaratona dos Anjos Internacional (UAI) Reverse, com 135 km em um dos percursos mais técnicos do Brasil. Mais do que superar distâncias, estas semanas testaram minha paciência, força mental e capacidade de recuperação.

12 Horas na Pista: Estratégia e Resistência

No dia 9 de novembro, participei da corrida de 12 horas organizada pela Fênix. Não era a primeira vez que enfrentava provas longas em pista, mas dessa vez o objetivo era diferente: usar a corrida como treino para a UAI. Estava inscrito com meu irmão, Beto, no revezamento. A cada 15 voltas na pista de 400 metros, trocávamos, garantindo que cada um tivesse períodos de descanso enquanto o outro mantinha o ritmo.

A chuva foi uma presença constante durante boa parte da prova, criando um desafio adicional. Pista molhada significa mais atenção, principalmente para evitar escorregões ou desconfortos. Apesar disso, conseguimos imprimir um ritmo constante. Em determinado momento, até lideramos a prova, mas optamos por priorizar a recuperação. Afinal, forçar demais poderia comprometer o desempenho na semana seguinte.

Mais do que o desempenho, essa prova foi um reencontro com a equipe Ultraloucos, sempre presente, trazendo energia e boas conversas. Esses momentos são um lembrete de que, mesmo em um esporte tão individual como a ultramaratona, o apoio coletivo é essencial.

A Semana Entre as Provas: Recuperação e Ajustes

Os dias seguintes foram marcados por um foco total na recuperação. Depois de tantas voltas na pista, minhas pernas estavam pesadas, mas eu sabia que o descanso ativo seria fundamental. Alongamentos, caminhadas leves e massagens fizeram parte da rotina. Também redobrei os cuidados com a alimentação, priorizando alimentos ricos em nutrientes para acelerar a regeneração muscular.

Além disso, ajustei detalhes estratégicos para a UAI Reverse. Como essa prova seria sem apoio, precisava pensar em cada item da minha mochila: alimentação, hidratação, meias extras e até soluções rápidas para emergências, como esparadrapos e vaselina.

UAI Reverse: Uma Jornada de 135 km Sob Chuva

No dia 16 de novembro, às 7h30, em Baependi, dei início à UAI Reverse. A chuva, que já marcara presença na prova anterior, voltou com força, tornando o início ainda mais desafiador. Os primeiros quilômetros até a Serra do Papagaio trouxeram subidas exigentes, e o terreno técnico e escorregadio demandou concentração total.

Senti o calcanhar incomodar logo nos primeiros 20 km, o que poderia se tornar um problema sério. Foi quando lembrei das meias extras que carregava. Fiz uma parada rápida, troquei o par que estava usando e adicionei uma segunda meia sobre a nova. Isso foi suficiente para proteger o calcanhar e evitar uma bolha, que poderia comprometer toda a corrida.

Quando cheguei ao trecho plano até Alagoa, a chuva já havia alagado diversas partes do percurso. Embora fosse um alívio correr em um terreno menos técnico, a água acumulada tornou a travessia lenta e desgastante. Cada passo exigia atenção, mas ao mesmo tempo, esses trechos permitiram que eu mantivesse uma constância no ritmo.

A partir de Alagoa, o cenário mudou drasticamente. Subir a Serra do Garrafão, já uma tarefa árdua, tornou-se ainda mais complexa com a neblina e o frio. O corpo começava a dar sinais de desgaste, e o joelho direito começou a reclamar nas descidas. Adotei uma abordagem mais conservadora para evitar forçar demais e acabar com uma lesão.

A Chegada em Passa Quatro: Emoção e Gratidão

A chegada em Passa Quatro foi carregada de emoção. Fechar a prova em segundo lugar, especialmente em uma competição sem apoio, foi uma conquista que celebrei com orgulho. A chuva constante, o percurso técnico e as dores fizeram dessa experiência um dos maiores testes do ano.

Ao saber que meus amigos Émerson que venceu a prova de 235 km sem apoio e Gecier segundo colocado também nos 235 km com apoio , senti uma gratidão imensa por estar cercado por pessoas que compartilham essa paixão pelo esporte e pelo desafio.

Reflexão: A Essência das Ultras

Essas duas semanas intensas reafirmaram o que sempre me atraiu nas ultramaratonas: elas não são apenas sobre correr. Elas envolvem estratégia, improviso, resistência mental e a capacidade de se adaptar ao inesperado. Agora, com essas experiências no bolso, volto meu foco para o próximo grande desafio: minha última participação solo na Brasil 135 , agora com suas 150 milhas

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Ressaca pós Barkley - Por Pedro Luiz Cianfarani

 Quando iniciei meu preparo para Barkley um amigo me falou, “você sabe que este seu treino que irá fazer você vai chegar até o limite da lesão”, esta colocação foi devido ao meu treino completamente diferente do que estava habituado a fazer com muita força em academia , escada e montanha sem deixar a rodagem de lado e de início achei exagero esta colocação, mas foi exatamente o que aconteceu e ainda não estou 100% recuperado, primeiro foi uma lesão no tendão de Aquiles com um esgarçamento e lesão esta que até acabei competindo com ela e só fiquei sabendo retornando ao Brasil após exames realizados, logo na sequência e ainda se recuperando durante o DSI de São Bernardo do Campo em 20 de julho com apenas 20 km senti uma contratura muscular na posterior da coxa direita que ainda está em fase final de recuperação.

Mesmo assim estava com 2 corridas marcadas e até pensei em cancelar, porém ambas eram em dupla e conversando com os parceiros resolvi participar com uma certa prudência e assim em 24 de agosto aconteceu o retorno das 24 horas de Campinas no Parque Taquaral organizada pela Ultra Runner, corrida esta que participei com meu grande parceiro, meu Beto Cianfarani, fui praticamente sem treinar e totalmente sem ritmo de prova, mas iria me divertir com muitos amigos que estavam presentes.

Montamos nossa estratégia e largaríamos bem conservador afim de permanecer na pista as 24 horas e assim fizemos até com pouco mais de 6 horas e meia de prova a mãe natureza resolveu participar da brincadeira quando um forte vento começou a castigar toda região derrubando muitas arvores e tendas dos atletas e da organização sendo inevitável a suspensão da prova até as coisas normalizarem, mas depois de algum tempo com uma reunião de atletas e organização optamos quase que unanime o encerramento prematuro da prova já que 2 atletas ficaram feridos com as arvores que não pararam de cair. Mais tarde ficamos sabendo que a própria administração do parque havia emitido um pedido para cancelar a prova.

Assim seriam validados os resultados até aquele momento e os Ultraloucos mostraram sua força e todos ganharam um lugar no pódio; José Carlos que estava nas 6 horas ficou com a 3ª colocação em sua categoria; Dicler ficou com a 3ª colocação de sua categoria das 24 horas; Leleo também nas 24 horas ficou com o 1º lugar da categoria. Já eu e meu irmão Beto fomos mais uma vez campeão em duplas nos tornando bicampeão já que havíamos ganhado também em 2011. Realmente não foi o que planejamos, pois gostaria de ganhar mais ritmo já pensando em meu próximo desafio que aconteceria pouco mais de 10 dias.

Tentando ganhar mais ritmo e ainda brigando com minha lesão fui para MCK Ultramarathon com seus 283 km pelos Caminhos de Aparecida nos dais 5, 6, 7 e 8 de Setembro que também faria em dupla e desta vez com o amigo de longa data João Morelli e apesar de sermos a única dupla a participar iriamos levar o desafio a sério como sempre fazemos, assim procuramos colocar um objetivo e tentar concluir em 48 horas.

No decorrer da prova pudemos ver que era um desafio bem duro por suas grandes subidas, clima muito seco e forte calor em pleno inverno, além de não levarmos ninguém para dirigir o carro nos obrigando a revezar a corrida e direção sem descanso. O pó na estrada castigou muito com alguns trechos com mais de 10 cm de poeira e mudávamos a estratégia conforme nossa rodagem, hora revezando com 5, 3 e 2 km cada afim de tentar chegar ao nosso objetivo.









 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Barkley Marathon 2024, eu estive lá !!! Por Pedro Luiz Cianfarani – Parte III A Prova

 

Laz

Agora sim, chegamos ao momento da prova e como falei em outras ocasiões tudo nesta prova parece ser desafiador e difícil até mesmo a viagem, então irei começar este relato com meu voo de ida aos EUA. Assim que fui comunicado com o “dia “da prova procurei me programar com antecedência afim de evitar surpresas e mesmo assim marquei minha chegada 5 dias antes do evento, pensando em um rápido reconhecimento no Parque bem como comprar comida e bebida já que estaria acampado. Sai de SP dia 15/03 com previsão de chegada para dia 16 fazendo 2 conexões, NY e Atlanta, a imigração aconteceu em NY e foi ai que começou minha aventura quando perdi a conexão devido à demora, sim perdi o voo para Atlanta pela demora com a liberação e conferencia das malas e descobri que este não foi necessariamente o problema, mas sim o efeito domino que isso causaria já que existem muitos voos saindo de NY para Atlanta coisa que não existe com voos de Atlanta para Knoxville-TN por se tratar de um aeroporto pequeno ..... Não quero me alongar porque queremos chegar na corrida em si, mas depois muita conversa e ligações conseguimos embarcar no último voo do dia e chegando na primeira hora do dia 17 no Tennessee após mais de 26 horas.

Nos dias que antecederam a prova procurei finalizar alguns preparativos que faltavam, alimentação e hidratação e também procurar conhecer o Parque, procurei conhecer algumas trilhas e trechos que foram utilizados em edições anteriores, mais tarde percebi que o trajeto foi muito diferente de edições anteriores com exceção da prisão que todo ano está presente por se tratar do local que praticamente inspirou a prova.

Yellow Gate

Dia 19, meu Deus !!! Realmente estava lá diante do famoso Yellow Gate (Portão Amarelo), acho que tirei umas 100 fotos apenas no portão, mas minha emoção chegou ao seu máximo quando finalmente encontro o maior símbolo da Barkley Marathon, Lazaros Lake, o Laz. Não sei se nos brasileiros somos mais cara de pau, mas notei que os atletas tinham um receio de se dirigir a ele ou estavam aguardando ele terminar os preparativos que faz questão de fazer pessoalmente, claro que isso não vale para Claudia que prontamente pediu para tirar uma foto com ele que prontamente a atendeu abraçando-a para pose e mais que depressa consegui minha Self com a lenda.

Na sequência fui dar continuidade no processo de entregar alguns documentos onde entreguei a placa de um carro do Brasil, US$ 1,60, um presente para o Laz e retirar meu número e algumas informações pertinentes a prova, tudo isso fazendo parte do ritual. Imaginei que na documentação que ganhei teria uma cópia do mapa do percurso que iria fazer, mas não, o mapa estava estendido na mesa para poder copiar e transferir para meu mapa que por sorte trouxe. Vale lembrar que não temos um caminho demarcado e nosso único recurso para nos guiar é este mapa e claro que estudei muito navegação por bussola e calcular suas coordenadas, agora imagina como estava a ansiedade .... Mas ainda não tinha uma foto com o Laz, mas a Claudia parecendo que tinha amizade de anos com ele pediu mais uma vez para eu tirar uma foto juntos e ele muito pronto levanta meu braço pousando para foto, ganhando minha maior recordação da Barkley que inclusive brinquei que já poderia ir embora rsrs.

Carl e Corneteiro


Agora fomos arrumar nosso acampamento e aguardar o toque da concha já que não sabíamos a hora certa da largada, ou seja após o toque da concha ai sim saberíamos que em 1 hora daria a largada com o Laz acedendo seu cigarro, assim poderíamos escutar o som da concha a partir das 23 horas do dia 19 em diante. Até tentei dormir, acho que apenas cochilei já que o frio estava implacável. Nessa hora o silencio era total com atletas e apoio procurando descansar e por volta das 3 horas da madrugada fomos acordado com um som bem alto, assim todos atletas começam seus últimos preparativos quando recebemos a notícia que que fora um alarme falso, o alarme de um carro disparou .... Como dormir agora? Até pouco mais de uma 

Carl 

hora mais precisamente as 4:17 ouvimos o som da concha fazendo o Parque acordar, agora sim seria real. Em seguida precisamos nos dirigir na tenda da organização e retirar nosso relógio fornecido por eles já que não é permitido nenhum dispositivo eletrônico a não ser este.

Aqui cabe mais uma história para mostrar que tudo é feito para dificultar ao máximo a prova, meses antes da prova recebemos um comunicado pelo canal oficial do Facebook de que já estavam de posse dos relógios  que seriam entregues aos atletas antes da largada e dos 40 relógios 39 eram analógicos e apenas 1 seria touch, ou seja 1 atleta seria o sorteado para dificultar ainda mais sua prova já que pelo frio e vegetação com muito espinho todos atletas quase que obrigatório iriam correr com luvas e  seria impossível manusear o relógio, agora adivinha quem foi o sorteado em usar este relógio ? claro que fui eu rsrsrs. Mas se for para deixar o desafio o mais difícil possível que pegasse o pacote completo e como Raul Seixas fala em uma música “Foi tão fácil conseguir e agora lhe pergunto, e daí?”

Assim as 5 horas e 17 minutos do dia 20/03/2024 Laz acende seu cigarro dando a largada da Barkley Marathon 2024 e quase 40 atletas saem em disparada para esta que é considerada a mais icônica e difícil corrida do mundo, assim partimos rumo ao primeiro livro com uma subida logo de cara dando as boas-vindas aos atletas, em um momento estava muito próximo a um  atleta que por um momento desapareceu aparecendo logo atrás de mim e quando perguntei o que aconteceu me respondeu que escorregou voltando uns 20m, mas este foi o mais fácil dos livros pelo fato de todos atletas estarem bem próximos.

Por ser minha primeira vez na competição procurei seguir a cartilha que mostram na internet e tratei de seguir um veterano afim de começar a entender como funciona a competição, mas o perdi de vista por estar escuro ainda já que o sol nascia por volta das 8:30 horas ainda quando seguia para o segundo livro, procurei me unir a um outro atleta seguindo minha estratégia, mas nos perdemos várias vezes e sempre nos encontrávamos quando avistava o superveterano Hiram Rogers com 20 participações e isso aconteceu algumas vezes e foi quando tomei uma decisão de acompanha-lo mesmo estando em um ritmo muito abaixo do meu. Nessa hora pensei muito em fazer o loop em um ritmo mais baixo e correr o risco de não conseguir completa-lo a tempo de abrir as próximas voltas ou me perder e nem completar 1 loop sequer, assim segui este meu novo mentor e amigo.

Hiram

Por sua experiência Hiram conhecia o caminho como ninguém e nem ao menos possuía um mapa da região, ou melhor tinha apenas um lenço com o mapa do parque algumas vezes pedia meu mapa com as coordenadas que havia traçado afim de localizar-se. Mas estava disposto a aprender e não só segui-lo e sempre pegava minha bussola e meu mapa e sempre conferir o caminho junto dele coisa que percebi ser muito importante como irei comentar a frente.

Segui apenas eu e o Hiram até o quinto livro quando encontramos mais um atleta americano que nos fez companhia até o Observatório. Pouco antes da escalada ao Observatório, local onde teria o segundo posto de água notei que minha água havia acabado e teria fazer essa escalada sem água, mas notei que muitos riachos cortavam a região e perguntei ao Hiram se poderia beber a água do riacho de imediato respondeu que não, mas depois de mexer em sua mochila retira um frasco com capsulas de cloro me entrega e fala que agora podia beber, assim reabasteci minhas garrafas e enfrentei mais uma subia bem pesada. Enquanto nos abastecíamos com água 3 atletas nos alcançaram enquanto conversávamos fiquei sabendo que estavam apenas retornando ao parque já que haviam perdido algum livro.

O Observatório é conhecido pelos atletas como um ponto para aqueles que decidem abandonar a prova por ter uma trilha que leva direto ao ponto de partida e também como único ponto onde nossos apoio podem nos encontrar, minha esposa até tentou me encontrar, mas precisou retornar após torcer o tornozelo quando pisou em uma pedra e quando chegamos ao Brasil descobriu que ganhou uma lembrança do Frozen Park, uma fratura ....

Assim que chegamos ao Observatório e pegamos nossa décima primeira página o Hiram se dirige a mim me dá os parabéns e fala que agora seria comigo, pois ele estava abandonando a prova falando estar muito cansado e iria voltar ao ponto de partida junto com o outro americano que nos acompanhava .... Agora precisava honrar os ensinamentos do meu amigo e fazer este trecho sozinho e conseguir minhas 15 páginas e completar o loop.

Prisão

Completei minha água, sabia que não teria mais nenhum ponto de água pela frente e parti rumo ao ponto mais famoso da prova, ponto que deu origem a corrida, a prisão. Passaria por um túnel com água muito gelada onde encontraria meu primeiro livro sozinho, mas bem fácil por ser o mais popular sendo mostrado em muitos documentário.

Já este próximo, o décimo terceiro, considero o mais difícil, depois de uma subida muito dura iria encontrar este livro bem no topo e depois de muita procurar não o localizava, nesta hora procuro um local para me sentar, abro meu mapa e começo a estudar e foi quando me lembrei de um detalhe, quando calculava as coordenadas não fiz a correção da região por ser muito pequena, mas percebi que fez diferença e assim que corrigi localizei o livro perdendo muito tempo.

Vale aqui uma breve explicação, existe o norte magnético e o norte geográfico e cada região precisa fazer sua correção no mapa já que a bussola aponta o norte magnético e dependendo da região a correção é bem grande e como aquela região a correção é 5º pensei em corrigir durante a corrida, mas acabei esquecendo.

No penúltimo livro peguei uma forte descida terminando em um rio já ao cair da noite onde encontro com um atleta Suíço onde paramos por um momento para comer alguma coisa e trocar algumas palavras, agora imagina a conversa que saiu rsrs.

Segui agora para meu último livro com a escalada de mais uma forte subida já com o cair da noite e sabia que após este livro sairia um uma trilha do parque que havia estudado com meu amigo dias antes da prova, acredito ser este o único ponto que estudei que havia no mapa o tornando tranquilo.

Pelo tempo já sabia que não poderia abrir a próxima volta, mas nada iria abalar minha alegria em completar um loop da prova que havia perseguido por anos e estava muito feliz e chegando ao Yellow Gate (Portão Amarelo) vejo muitas pessoas me aguardando, minha esposa fazendo uma enorme festa e ficando aliviada em me ver chegando depois de ver o atleta argentino retornar após se perder em encontrar com 2 ursos no caminho e me conhecendo sabia que só iria retornar com minhas 15 páginas.

Jasmim
Assim que toquei o portão, Laz já me dá a notícia que não poderia abrir a próxima volta por causa do tempo e prontamente retiro minhas 15 páginas mostrando ter feito a volta completa e ele admirado me deu os parabéns e bem orgulhoso respondi, I am a Barkley (Eu sou um Barkley). Na sequência acontece todo ritual para o atleta quando sai da prova quando é tocado a corneta como a baixa de um soldado ... Até para sair da prova nos emocionamos e com a mão no peito acompanho emocionado o toque da corneta.

Campeão

Agora queria curtir todos os momentos da prova e acompanhar a chegada de todos atletas, ficando até o final oficial do evento e pude ver 5 atletas concluírem, ano com maior número de concluintes  e presenciar mais um fato inédito, a primeira mulher na história da prova a conclui-la e  restando pouco mais de 1 minuto para o termino nos dá momentos de pura emoção com a chegada da Jasmim desabando ao chão assim  que toca o portão e nessa hora a emoção se transformou em preocupação, mas passado o susto foi hora de comemorar.

E assim foi minha participação na mais dura e icônica corrida do mundo me sentindo realizado com todos estes anos de corridas sendo coroado com a Barkley Marathon e agora posso falar, I am a Barkley!

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Barkley Marathon 2024, eu estive lá !!! por Pedro Luiz Cianfarani – Parte II Preparação


Nesta parte quero mostrar um pouco do meu preparo e por se tratar de uma prova que pouca coisa sabemos acaba dificultando o preparo, mas junto com meu irmão Beto Cianfarani procuramos traçar a melhor estratégia e claro que coube a ele preparar minha musculatura com uma série específica para suportar a incrível altimetria que iria enfrentar, bem como minhas rodagens durante a semana que por sinal estava bem preenchida com folga apenas na sexta feira e embora tinha uma ideia que seria chamado intensifiquei mesmo os treinos nos 4 meses que antecederam a prova.

Como a prova ocorre em um parque sem marcação, estrada ou trilha precisei da ajuda do mestre em trail no Brasil, o André Lima que me ensinou o básico até porque não daria tempo de me tornar um especialista no assunto, mas com a ajuda da turma dos Guerreiros Trail consegui uma boa base para enfrentar o Frozen Head State Park e pude conhecer muitas trilhas por São Paulo que nunca imaginava.

Na parte nutricional quem me acompanha é o Reinaldo Tubarão Bassit (não precisa de apresentação) e fizemos alguns ajustes que antecederam a prova bem como o tão aguardado dia afim de chegar mais leve e mais forte para enfrentar as montanhas do Tennessee e confesso que não foi nada fácil, mas o que foi fácil nesta prova? 

E não é que teve algo fácil na preparação !!! rsrsrs  , os profissionais que me ajudaram a suportar toda esta maratona de treino. Na massoterapia ficou por conta do Élcio Alexandre que conseguia trazer de volta minha musculatura depois de eu maltrata-la. Para trazer o equilíbrio do corpo o grande amigo Dicler fez sua magia com suas agulhas na acupuntura e com certeza afirmo ser fundamental para o preparo.

Como falei anteriormente por não possuir marcação para se localizar sendo necessário se orientar por bússola e não ter nenhuma noção a respeito precisei estudar e estudar muito, a princípio me assustei mas hoje com a internet as coisas ficam mais fáceis, acabei buscando muitas aulas por vídeo e apostilas e para me ajudar com as dúvidas contei com os amigos Robson Saes e Anselmo Anjos me ajudando assim colocar a teoria na prática.

Durante minhas rodagens semanais sempre contei com os Ultraloucos que nunca deixaram os treinos caírem na rotina deixando nossas rodagens sempre divertidas e preciso falar de uma pessoa em especial
minha companheira Claudia que sempre esteve ao meu lado me apoiando e incentivando onde muitas vezes com tanto treino só nos víamos para dormir.


Assim foi um pouco da minha preparação onde cheguei a falar que nesta competição tudo iria tentar te tirar da prova pela sua dificuldade onde pouco mais de 1% dos atletas TERMINARAM a prova, assim a única coisa não usaria como justificativa é que não me preparei para prova.

Agora sim vem a parte mais divertida, como foi a corrida .... Mas isso fica para próxima parte.

Aguardem .....

Treinador – Beto Cianfarani - instagram.com/beto_cianfarani/

Trail – Andre Lima - instagram.com/andrelimatrilhas/

Guerreiros trail - instagram.com/guerreirostrail/

Nutricionista – Reinaldo Tubarão - instagram.com/reinaldotubarao.phd/

Massoterapeuta – Élcio Alexandre - instagram.com/elcioalexandreda/

Acupuntura – Dicler Agostinetti - instagram.com/dicleragostinetti/

Robson Saes  - instagram.com/robsonsaes/

Anselmo Anjos - instagram.com/anselmoanjos/