segunda-feira, 25 de novembro de 2024

De São Bernardo do Campo a Passa Quatro em um intervalo de 7 dias: Superando Limites e Enfrentando a Chuva

O mês de novembro trouxe dois desafios intensos e complementares: uma prova de 12 horas na pista olímpica de São Bernardo do Campo e, uma semana depois, a Ultramaratona dos Anjos Internacional (UAI) Reverse, com 135 km em um dos percursos mais técnicos do Brasil. Mais do que superar distâncias, estas semanas testaram minha paciência, força mental e capacidade de recuperação.

12 Horas na Pista: Estratégia e Resistência

No dia 9 de novembro, participei da corrida de 12 horas organizada pela Fênix. Não era a primeira vez que enfrentava provas longas em pista, mas dessa vez o objetivo era diferente: usar a corrida como treino para a UAI. Estava inscrito com meu irmão, Beto, no revezamento. A cada 15 voltas na pista de 400 metros, trocávamos, garantindo que cada um tivesse períodos de descanso enquanto o outro mantinha o ritmo.

A chuva foi uma presença constante durante boa parte da prova, criando um desafio adicional. Pista molhada significa mais atenção, principalmente para evitar escorregões ou desconfortos. Apesar disso, conseguimos imprimir um ritmo constante. Em determinado momento, até lideramos a prova, mas optamos por priorizar a recuperação. Afinal, forçar demais poderia comprometer o desempenho na semana seguinte.

Mais do que o desempenho, essa prova foi um reencontro com a equipe Ultraloucos, sempre presente, trazendo energia e boas conversas. Esses momentos são um lembrete de que, mesmo em um esporte tão individual como a ultramaratona, o apoio coletivo é essencial.

A Semana Entre as Provas: Recuperação e Ajustes

Os dias seguintes foram marcados por um foco total na recuperação. Depois de tantas voltas na pista, minhas pernas estavam pesadas, mas eu sabia que o descanso ativo seria fundamental. Alongamentos, caminhadas leves e massagens fizeram parte da rotina. Também redobrei os cuidados com a alimentação, priorizando alimentos ricos em nutrientes para acelerar a regeneração muscular.

Além disso, ajustei detalhes estratégicos para a UAI Reverse. Como essa prova seria sem apoio, precisava pensar em cada item da minha mochila: alimentação, hidratação, meias extras e até soluções rápidas para emergências, como esparadrapos e vaselina.

UAI Reverse: Uma Jornada de 135 km Sob Chuva

No dia 16 de novembro, às 7h30, em Baependi, dei início à UAI Reverse. A chuva, que já marcara presença na prova anterior, voltou com força, tornando o início ainda mais desafiador. Os primeiros quilômetros até a Serra do Papagaio trouxeram subidas exigentes, e o terreno técnico e escorregadio demandou concentração total.

Senti o calcanhar incomodar logo nos primeiros 20 km, o que poderia se tornar um problema sério. Foi quando lembrei das meias extras que carregava. Fiz uma parada rápida, troquei o par que estava usando e adicionei uma segunda meia sobre a nova. Isso foi suficiente para proteger o calcanhar e evitar uma bolha, que poderia comprometer toda a corrida.

Quando cheguei ao trecho plano até Alagoa, a chuva já havia alagado diversas partes do percurso. Embora fosse um alívio correr em um terreno menos técnico, a água acumulada tornou a travessia lenta e desgastante. Cada passo exigia atenção, mas ao mesmo tempo, esses trechos permitiram que eu mantivesse uma constância no ritmo.

A partir de Alagoa, o cenário mudou drasticamente. Subir a Serra do Garrafão, já uma tarefa árdua, tornou-se ainda mais complexa com a neblina e o frio. O corpo começava a dar sinais de desgaste, e o joelho direito começou a reclamar nas descidas. Adotei uma abordagem mais conservadora para evitar forçar demais e acabar com uma lesão.

A Chegada em Passa Quatro: Emoção e Gratidão

A chegada em Passa Quatro foi carregada de emoção. Fechar a prova em segundo lugar, especialmente em uma competição sem apoio, foi uma conquista que celebrei com orgulho. A chuva constante, o percurso técnico e as dores fizeram dessa experiência um dos maiores testes do ano.

Ao saber que meus amigos Émerson que venceu a prova de 235 km sem apoio e Gecier segundo colocado também nos 235 km com apoio , senti uma gratidão imensa por estar cercado por pessoas que compartilham essa paixão pelo esporte e pelo desafio.

Reflexão: A Essência das Ultras

Essas duas semanas intensas reafirmaram o que sempre me atraiu nas ultramaratonas: elas não são apenas sobre correr. Elas envolvem estratégia, improviso, resistência mental e a capacidade de se adaptar ao inesperado. Agora, com essas experiências no bolso, volto meu foco para o próximo grande desafio: minha última participação solo na Brasil 135 , agora com suas 150 milhas

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