A união faz a força e a
diferença. Sem a equipe de apoio é muito mais difícil. Quando esta equipe é
formada por amigos, fica realmente mais fácil. Começa assim o meu relato:
Um empurra, um puxa e um acompanha. Todos com o mesmo objetivo, me levar para a
chegada, o que aconteceu 47 horas e 43 minutos após sair de Passa Quatro, com o
Pedro do lado, muita concentração e soro oral o tempo todo. A temperatura foi
agradável de dia e bastante fria a noite. Calor, pouco, no segundo dia.
Mantive-me hidratado e consegui comer todo o tempo. Na verdade, pareciam
mãe: já tomou soro? já comeu? vem comer! De Passa Quatro pra Itamonte e Alagoa,
trechos de subida e descida, onde o Parreira alternou com o Shinpei, até
Aiuruoca, quando Pedro e eu subimos a serra do Papagaio, sem carro de
apoio. Um trecho de aproximadamente 40 km muito difícil. Iniciamos a meia noite
para Baependi, passando pela Cachoeira dos Garcias. UM lugar muito acolhedor,
sem energia elétrica, onde comemos uma sopa quente e deliciosa que nos deu
força para continuar a jornada. Lá, tive meus pés destruídos pelas pedras em
ponta, alternando com trechos praticamente sem estrada e descidas
extremamente escorregadias. Vários tombos, até mesmo parados. Não tive sono, na
verdade, não dava para ter. Chegamos então ao Espraiado do Gamarra e lá comemos
um delicioso pão com zoião (dois). Seguimos para Caxambu e bateu um sono
terrível. Deitei no colchonete na beira da estrada, numa relva "da hora".
Iria dormir 20 minutos. Acordei com 12 minutos e..."vambora".
Acabou sendo os únicos minutos que dormi. De lá para São Lourenço. Neste
trecho, já no final da tarde, Shinpei achou um boteco com um pão
com pernil que até hoje dá água na boca. Me arrependi de não ter comido o
segundo. Eu até tava com sono nesta hora, mas acordei com esta delicia. Chegamos
em São Lourenço a noite e nos disseram que faltava SÓ 55 km. O Parreirinha
fez esta parte noturna, que me ajudou muito, pois estava de novo com sono,
cansado e tendo delírios. Devo ter xingado ele pra "caramba", mas não
me lembro disso....Passado este trecho, o Pedro voltou a vir comigo e me
puxou na última subida e descida, até Passa Quatro. Já não via mais nada.
Só escutava: vamos, tá acabando, falta pouco. E acabou. Nós quatro passamos
juntos, como deveria ser. Todos ultraloucos, todos ultra amigos. foi de fato
muito emocionante. Missão cumprida para mim, que cheguei e para eles que me
fizeram chegar. Um ultra beijo para as nossas ultra Anjos que em nenhum momento
saíram de nossos corações. Aos nossos amigos pelas vibrações. Ao criador da
exuberante natureza por onde passamos....Muito obrigado
Parabéns corredores!!!
ResponderExcluirO feito do Dicler não teria a devida dimensão se não contasse com uma equipe de apoio que corre, cuida, sofre, se alegra, contagia, planeja e se antecipa aos problemas que o atleta enfrenta no decorrer do desafio.
A Ultramaratona dos Anjos, não só pela distância de 235 kms é uma das provas ´Brasileiras mais difíceis.
Forte abraço a todos e, mais uma vez, Parabéns pela belíssima 5ª colocação.
Dionísio Silvestre
http://correrpurapaixao.blogspot.com.br/