Debaixo de muita chuva, foi
disputado o 2º Desafio 50 milhas Decatlon, na cidade de Campinas, no último dia
21 de abril, movimentando as normalmente pacatas ruas de terra de um local
simples e charmoso. Na manhã de sábado, tendo a largada às 7 horas, aos poucos
os atletas foram chegando ao estacionamento das Lojas Decatlon, localizado em
Campinas, aos poucos incendiando os momentos pré-largada. Estavam presentes
nomes fortíssimos da ultramaratona brasileira, como Agnaldo Sampaio, multi-campeão
de várias provas nacionais e até mesmo pelo mundo (como seu quarto lugar na
ultramaratona da Patagônia Argentina de 70 km), Sinval Moreira, detentor de
várias vitórias em solos brasileiros e Adilson Ligeirinho, bi-campeão da Br 135
Ultramarathon, atleta sinônimo de resistência, superador de grandes obstáculos.
Entre os inscritos possuíam muitos nomes novos diante de nosso costumeiro meio,
porem altamente treinados, capazes de superarem os já citados favoritos numa
prova conhecida por suas dificuldades. No feminino estavam presentes Naoko
Kuriyama, atleta presente entre as primeiras colocadas em quase todas as provas
disputadas, Tomiko Eguchi, atleta experientíssima, tendo em seu currículo
conclusões de várias provas tradicionais internacionais, prestigiando esse
evento que a cada edição ganha mais força. Toda estrutura foi organizada pela
Ultra Runner Eventos, com ajuda de seus patrocinadores, a fim de disponibilizar
aos seus participantes a mais ampla estrutura na conquista pessoal e busca
pelas principais posições. Após a largada, dois atletas despontaram na
dianteira, aplicando um fortíssimo ritmo, abrindo uma grande distância desde os
primeiros km. Eram eles Oraldo Romualdo da Silva e José Rafael de Matos,
abrindo uma distância considerável do segundo pelotão, composto por Sinval
Moreira, Agnaldo Sampaio e minha pessoa (Roberto Cesar Cianfarani). Passando
dos 30 km, Oraldo Romualdo se isolou na ponta, seguido por Sinval Moreira em
segundo lugar e Agnaldo Sampaio em terceiro. Nessa altura, eu estava cerca de 2
minutos de Sinval e Agnaldo e já havia ultrapassado José Rafael de Matos,
mantendo o mesmo ritmo de início, porém, não havia acompanhado o aumento do
ritmo dos três a frente. Com muitas dificuldades, nas intermináveis subidas
banhadas a lama, esse foi o roteiro dessa emocionante história, sofrendo
algumas alterações nos km finais. Oraldo Romualdo manteve seu forte ritmo e
venceu a prova após 6 horas e 45 minutos, batendo o Record que era de Vanderley
Pereira, no ano anterior, que conquistara em 7 horas e 8 minutos. Agnaldo
Sampaio, após perseguir Sinval Moreira por toda prova ultrapassou seu
adversário nos km finais, dando muitas emoções aqueles que presenciavam a linha
de chegada, conquistando a brilhante segunda posição, com 7 horas e 15 minutos
de prova, numa sólida prova. Em seguida chegou Sinval Moreira, 2 minutos depois
de Agnaldo, ocupando a terceira posição, destacando que Sinval percorreu os 80
km sem carro de apoio, na garra, mesmo assim ocupando as primeiras posições. Na
seqüência, na quarta posição, concluí os 80 km em 8 horas e 8 minutos, posição
honrosa considerada por mim, chegando atrás dos melhores nomes da ultramaratona
brasileira. Em quinto lugar, José Rafael de Matos completou sua prova após 8
horas e 16 minutos, numa bela participação neste difícil desafio. Quem esteve
também presente no evento foi Dicler Agostinetti, atleta experiente, presente
nas principais provas, postando seus nomes entre os inscritos de última hora,
no lugar de José Antonio Parreira que havia desistido, encarando os dificílimos
80 km mesmo sem um preparo direcionado a tal prova, sendo auxiliado por Ronaldo
Roque ( meu primo) atleta que já vem construindo sua história na ultramaratona,
provando seu valor nas pistas, ruas e estradas. Dicler manteve seu ritmo controlado,
diminuindo na subida e aumentando nas descidas, durante toda prova, suportando
toda chuva que caiu no decorrer da prova, superando a lama que formava as ruas,
com longuíssimas subidas, cruzando a linha de chegada após 10 horas e 43
minutos, na 13º posição, com muita garra ao lado de seu fiel escudeiro, Ronaldo
Roque. No feminino, a vencedora foi Naoko Kuriyama, após 9 horas e 22 minutos,
botando em sua estante de conquista mais uma vitória em provas de ultra
distância. Já minha prova, vale destacar todo suporte dado por meu irmão, Pedro
Luiz Cianfarani, me auxiliando durante todo trajeto, auxiliando também Sinval e
Agnaldo até o km 30, quando estávamos próximos, mostrando que na ultramaratona
é isso que vale, a solidariedade entre os atletas e não como alguns editores de
revistas de corrida pensam, que corremos por ego, mas sim para ultrapassarmos
nossos limites e ajudarmos nossos amigos a ultrapassar os seus também. Estive
próximo do segundo e terceiro colocado durante a primeira metade da prova, onde
me aproximava nas subidas, característica que sou forte, perdendo contato nas
descidas. Após um longo trecho de parte plana e algumas descidas, abriram
alguns minutos que fizeram perder contato, fazendo com que o foco de minha
prova fosse a manutenção da quarta posição e não mais a busca pela segunda e
terceira posições. Após muito sofrimento, de dor e câimbras, correndo os
últimos 8 km ao lado de meu irmão, completei a prova 54 minutos a menos que no
ano passado, quando finalizei os 80 km em 9 horas e 2 minutos. Agradeço a todos
aqueles que me incentivaram quando antecipadamente pensei em não participar da
prova, pelo terrível momento particular que venho passando, mas mesmo com o
psicológico totalmente abalado, fui incentivado intensamente por toda minha família
e amigos. Agradeço a minha amada filha Clara Hanna, que tanto me dá carinho e
que sonha em um dia ser corredora também, pedindo em todas as corridas que vou
trazer um troféu pra ela. Minha esposa que tanto amo, companheira de todos os
momentos, Jaqueline, que me deu muita força para enfrentar este desafio.
Inconscientemente, minha filha recém nascida filha Melissa, que me inspira aos
bons pensamentos na busca de meus objetivos. Destaco meu pai e minha mãe,
Sidnei Bolinha e Maria, que me fornecem toda tranqüilidade que os pais podem
passar para os filhos. Ao meu irmão e grande amigo Pedro Luiz, que me
incentivou desde quando pensei em fazer a prova até horas depois de ter cruzado
a linha de chegada. A todos os amigos que estiveram presentes de alguma forma
na prova, Dicler, Ronaldo, Agnaldo, Patrícia, a todos que lá estiveram. A
Fernando e Vera que foram responsáveis pelo organização e desenvolvimentos do
evento e a todos da Ultra Runner Eventos. Dessa vez me extendi um pouco, mas
após superar tantas adversidades pessoais, esse desafio mereceu...até a
próxima!!!
Ae Beto...parabéns por mais este desafio superado... meu nome é Anderson e, se no ano passado pude realizar um sonho que era de correr uma maratona (sem caminhar...) meu sonho agora é correr uma ultra.
ResponderExcluir.
Comecei a correr em abril de 2010.. fui em varias corridinhas de 10k... algumas meias e 1 maratona... mas sinto que meu destino é ser um ultramaratonista... não vencedor, mas participante.
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Também tenho um blog, onde relato minhas participações nas corridas que eu vou, mas este ano, estou focado em uma prova em especial: O desafio noturno de 12 horas em campinas, que será em julho deste ano. Só não participei no ano passado porque eu tinha feito a inscrição pra meia maratona amil campinas, que aconteceu no mesmo domingo da corrida de 12 horas... mas este ano, se Deus quiser, estarei lá!
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Pode ser que, com apenas 2 anos correndo, seja muito cedo pra eu participar de uma ultra... por isso escolhi estrear na 12 horas... porque, independente de quantos quilometros conseguirei correr, só de estar presente ali, tenho certeza de que será mais um sonho realizado!
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Cara.. desejo a voce tudo de bom... quem sabe a gente se encontre em alguma corrida por aí... e, se tiver um tempinho, dá uma olhada em meu blog... rungagorun.blogspot.com. Bons treinos amigão!!!
Prazer em conhecê-lo Anderson...seja bem vindo ao mundo dos ultramaratonistas, onde o mais importante não chegar a frente de seu adversário, mas sim superar seus desafios, alcançando suas metas, preferencialmente ajudando seus companheiros de corrida...esse é o espírito da ultramaratona, alcançar seus objetivos com solidariedade.
ExcluirCom certeza essa meta que cumpriu, percorrendo uma maratona sem caminhar é algo muito importante, algo que deve levar na auto-motivação nas ultramaratonas. Já fiz isso também, e a sensação é muito boa...fiz isso até nos 100km de Cubatão por duas ocasiões, percorrendo os 100 km sem andar, correndo os intermináveis 100 km, sendo que uma das vezes cheguei na honrosa 4º posição geral. Com certeza entrarei no seu blog. Nos vemos nas 12 horas de Campinas, treine bastante, principalmente ficar sem dormir! Abraço