Segue 2 relatos a seguir, um da volta de Ribeirão Pires escrito pelo Estagiário Filipe e outro das 24 horas pelo grande amigo Dicler.
Volta de Ribeirão Pires
Há algumas semanas atrás recebi o convite do Pedrinho
para fazer as 24 horas virtuais, desafio que ele, Dicler e Parreira haviam
abraço fazer no final de junho diante da falta de provas que estamos tendo nos
últimos meses devido à pandemia.
A largada seria às 10h do dia 27, um sábado, e terminaria
no domingo às 10h, e o “primeiro tempo” deste desafio seria fazer a Volta de
Ribeirão.
Acabei decidindo por fazer a Volta de Ribeirão apenas,
pois era um treino que já estava cobrando o Pedrinho para fazer desde o ano
passado e fazer as 24 horas, ainda não me sinto preparado, levando em
consideração também que meu fortalecimento nestes tempos de quarentena não é
dos melhores.
Me preparei durante as semanas que vieram, fiz, duas
semanas antes, 42,26 kms de máscara em um outro desafio que me propus a fazer,
debaixo de muito sol e, além dos treinos mais longos, durante a semana fazia os
treinos entre 15 a 12 kms de terças e quintas.
Na semana que antecedeu o desafio, fiz 23 kms no domingo
debaixo de muito sol e 17 kms na terça. Não treinei na quinta para poupar as
pernas. Porém, nesta semana, na quinta já começou a mudar o tempo e a chover
sem parar...
A sexta foi inteira chuvosa e de madrugada não parava de
chover, comecei a pensar que poderia não acontecer mais o desafio, mas mesmo
com muita chuva, somos os Ultraloucos...
Acordei às 8h20 no sábado e a chuva nada de dar trégua...
o Pedrinho confirmou que haveria o desafio e até me aconselhou a ficar em casa
porque eu tinha dito que minha mãe estava preocupada por causa da chuva, mas,
pensei comigo, se sou O Estagiário deles, tenho que ser em qualquer situação!
Fui até a casa do Dicler encontrar eles, fizemos um vídeo
para registrar o início do desafio e enviar ao Fernando da Ultra Runner e a
chuva apertou mais ainda.
Levei minha Mochila de Hidratação que ainda não havia
usado, corta-vento e todo o necessário para aguentar o frio e a chuva. Detalhe
importante é que eu nunca tinha feito um longão com chuva.
Partimos às 10h e a chuva nos castigando, em poucos
minutos já estavámos encharcados, minha camisa grudando no corpo, meia toda
molhada, mas em poucos kms já estava acostumado com a situação, pelo menos não
estava frio.
Pegamos a Anchieta e nela o desafio dos caminhões
passando e jogando água na gente, além do vento contrário, conseguimos superar
e paramos num posto no Riacho Grande para o Pedrinho comprar água.
Seguimos pela Estrada Velha por mais alguns kms até
cairmos na Rodovia Índio Tibiraçá, onde iríamos percorrer mais 15 kms embaixo
de chuva e em meio a mata. A chuva já estava diminuindo, mas aquela monotonia
típica de rodovia e as subidas, eram bastante desafiadoras. Em algumas subidas
andamos, mas na maior parte do tempo conseguimos completar correndo.
Quando chegamos perto da entrada de Ribeirão Pires, a
chuva finalmente deu uma trégua. Paramos num Posto de Conveniência, eu comprei
um Pão de Batata com Requeijão e seguimos viagem.
Para esta volta, levei 4 cápsulas de sal, 3 geis, 2 doces
de amendoim e 2 litros de água no Camel Back, e conforme o treino ia avançando,
ia fazendo o uso dos suplementos de forma consciente e moderada.
Seguimos por Ribeirão Pires, Mauá e Santo André em uma
reta interminável, um trecho bastante chato, pois sempre tinha que ficar
esperando semáforo abrir, carro passar, até que finalmente chegarmos novamente
na residência do Dicler, com o Strava batendo 52 kms.
Durante todo percurso senti algumas dores em cima do
joelho e no adutor direito, dores que começam quando faço bastante
quilometragem, e mais para o final, as panturrilhas começaram a fadigar, mas
nada que impedisse de chegar correndo e ainda estar se sentindo bem para
continuar se fosse necessário.
E assim, concluímos a Volta de Ribeirão com todos os
requintes de crueldade possível, muita chuva, muito vento, muito frio, mas com
aquele sorriso no rosto do dever cumprido e a certeza de que pros Ultraloucos,
o impossível e limite são apenas palavras no dicionário.
Estou pronto para outra!
Filipe Robert Fontes
O Estagiário
27
de junho de 2020, 10:00h da manhã.
Tem
início a ultramaratona 24 horas virtual.
Cada
um por si, atletas de norte a sul do Brasil.
Aqui
em S.B.C., Parreira, Pedro e eu iniciamos a jornada de 24 horas juntos com o
Filipe (O Estagiário) com uma chuva intensa, muito molhada e de gelar até os
ossos; rumo aos primeiros 52 km (a volta de Ribeirão Pires).
Com
30 km de prova, aproximadamente, a chuva parou e o frio aumentou. Voltamos para
S.B.C. após 7 horas de prova e após comermos um pouco e um ligeiro descanso,
fomos para a Rua Aldino Pinotti, aqui na cidade, em um percurso de
aproximadamente 1.500 metros (onde outros tantos corredores e caminhadores
fazem seus treinos).
Nosso
posto de apoio foi em minha casa que é perto do percurso. Lá estava a Consuelo
que mantinha café sempre quentinho, alguns lanches, água e outros bons
quitutes. De carro, circulava a Claudia com outras iguarias e uma deliciosa
sopa que foi servida próximo das 22 horas, onde o frio se fazia muito intenso.
Depois
das 23 horas até aproximadamente 6:00 h da manhã do dia seguinte, só nós
3 na pista. Consuelo no apoio remoto e a Claudia fazendo apoio na pista, e nada
mais. Silencio e frio, muito frio, garoa, as vezes mais fraca as vezes mais
intensa. Uns poucos momentos de descanso. Não dava pra ficar parado, o frio
congelava.
Na
pista, só um objetivo, ir para frente, correr contra o relógio e contra o frio
intenso.
Às
6:30h começa a amanhecer. Os primeiros corredores começam a voltar a seus
treinos. Começa novamente a vida. O ânimo aumenta. Só faltam 3,5 horas para o
término. Com a luz melhoram as energias. Agora falta pouco.
Três
homens, três corredores, três Ultraloucos, um dando força para o outro. Na
retaguarda Claudia e Consuelo quase 24 horas no ar.
Já
são 10h da manhã de 28/06. Acabou. Vitória. Mais uma pro currículo.
Normalmente
digo que para correr é necessário 70% de cabeça. Nessa prova precisamos um
pouco mais.
Ganhamos
da chuva, do frio intenso e do próprio pensamento.
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