sexta-feira, 25 de julho de 2025

Rainha das Ultras UAI - Revezando com o amigo Emerson – Por Pedro Cianfarani

No último dia 18 de julho, participei da UAI – Ultramaratona dos Anjos Internacional, também conhecida como “Rainha das Ultras”, como diz o slogan da Ultra Runner Eventos. É assim que todos a chamam mesmo: só UAI, simples e forte, como ela é.

Este ano, fui convidado pelo meu amigo Emerson para um desafio diferente: fazer os 235 km da prova em dupla, como um treino para os 280 km da RMR, prova-alvo dele. A ideia inicial era fazermos 135 km, mas sugeri que revezássemos todo o percurso, assim poderíamos vivenciar a prova inteira — com seus visuais, desafios e a tradicional energia dessa ultramaratona.

Para nos apoiar, levamos o amigo Robson, que fez um trabalho impecável dirigindo o carro de apoio, preparando nossos lanches, ajudando com hidratação, vestuário e tudo o mais que uma boa logística exige.

A dinâmica foi simples: enquanto um corria, o outro descansava no carro. Dois trechos foram feitos integralmente por cada um — eu larguei no primeiro trecho, onde não é permitida a presença de carro, e o Emerson ficou com o trecho da Serra do Papagaio, onde também não há acesso de veículos. No restante do trajeto, alternamos de forma equilibrada.

Apesar do clima de treino, a prova teve seus desafios. O Emerson ainda se recuperava de uma gripe forte, e durante a madrugada, o frio piorou sua respiração. Ele precisou de uma pausa para se recuperar, e foi aí que reforçamos o espírito da dupla: quando um para, o outro segue. E assim fomos até o fim.

Finalizamos os 235 km em pouco mais de 37 horas, com muita festa na chegada em Passa Quatro. A meta era 36 horas, e mesmo com os imprevistos, foi um excelente resultado. O maior desafio, sem dúvida, foi o frio. Durante o dia, o clima era agradável, mas quando a noite caía, o gelo tomava conta. Correr, parar, entrar no carro, esfriar o corpo e depois tentar aquecer de

novo não foi nada fácil. Em muitos momentos, largávamos encapotados e logo precisávamos tirar camadas de roupa por causa do calor interno gerado pela corrida. Essa alternância exigiu muito do corpo e da mente.

Foi uma experiência diferente, divertida e desafiadora na medida certa. Só tenho a agradecer ao Emerson pelo convite e parceria, ao Robson pela dedicação no apoio, e a todos que torceram por nós.

 Seguimos em frente — sempre acumulando passos que contam histórias.

 Um abraço e até a próxima.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

VEC – Volcano Endurance Challenge: trilhas, frio e superação em Águas da Prata - Por Pedro Luiz Cianfarani

 

Soube da prova pelas redes sociais com o amigo e organizador da prova André Nader. O nome já chamou atenção: Volcano Endurance Challenge (VEC) — e aconteceria em Águas da Prata, uma região de montanhas que conheço bem, cenário de muitas aventuras, inclusive da BR135. A proposta era interessante: primeira edição, quatro distâncias (7 km, 15 km, 25 km e 50 km), misturando trilhas técnicas com estradões mais rápidos. Bastou comentar com os Ultraloucos para o plano sair do papel.

Organizamos uma viagem com quatro casais: eu e Claudia, o Dicler e a Consuelo, o Leleo e a Gorete, além do Éder, que foi com a esposa Mariana e o filho Pietro para curtirem o final de semana conosco. Todos iríamos correr, com exceção do Éder e família, que foram apenas para passear. No entanto, na véspera da viagem, o Dicler teve um imprevisto e não pôde ir, o que deixou nossa equipe um pouco desfalcada. Ainda assim, seguimos com o espírito em alta, prontos para viver mais uma experiência juntos.

 Chegamos em Águas da Prata, retiramos o kit e participamos do congresso técnico. Como era a primeira edição, tudo era novidade — ninguém conhecia o percurso. A largada seria em um parque muito bonito e bem estruturado da região, o King Park Adventure: restaurante, quiosques, natureza em volta. Um espaço muito aconchegante e funcional para um evento como esse. Nesse ponto, a estrutura da prova merece elogios — excelente local para sediar uma corrida desse porte.

O dia da prova, 14 de junho, começou gelado. Um frio cortante, com vento forte, daqueles que há tempos eu não sentia. Às 7h da manhã largamos eu, a Claudia e o Leleo. Eu nos 50 km, eles nos 25 km. A Gorete largaria uma hora depois, nos 7 km. Os primeiros 21 km do meu percurso eram de estradão, sem grandes surpresas. Mais adiante, os atletas dos 25 km seguiam por um lado, rumo às Sete Cachoeiras, e os dos 50 km encaravam a subida do Pico do Gavião, ponto marcante da BR135.

Depois do Pico do Gavião, o percurso começou a mostrar suas garras. Entramos numa trilha de mountain bike bastante técnica e exigente, cheia de raízes e pedras. Em seguida, enfrentamos a travessia pela Toca do Índio, uma gruta belíssima, mas de acesso difícil, passando por corredeiras e pedras escorregadias. Depois voltamos ao estradão até reencontrar o ponto em que os 50 km se juntavam novamente com os 25 km. Aí encarei a última parte: a trilha das Sete Cachoeiras, um trecho desafiador, técnico e duro. Foi o teste final de resistência.

Cruzei a linha de chegada satisfeito, com a missão cumprida. A Claudia e o Leleo também fizeram boas provas. Claudia conquistou o 1º lugar na sua faixa etária, subindo ao pódio com merecimento. Já a Gorete, que correu os 7 km, dividiu a primeira colocação com outras atletas, após um erro de percurso que acabou reunindo todas na linha de chegada ao mesmo tempo. A organização, com bom senso, premiou todas.

 Considerações sobre a prova:

Por ser uma prova nova, é natural que haja pontos a ajustar. A estrutura no parque foi excelente, acolhedora e bem preparada. No entanto, a sinalização do percurso — especialmente nos 50 km — apresentou falhas. Vários atletas se perderam em alguns trechos. A organização tentou contornar a situação rapidamente, posicionando staffs em pontos críticos, mas é algo que precisa ser melhor planejado nas próximas edições.

Outro contratempo foi a ausência da equipe de cronometragem no dia da prova, o que dificultou o controle dos atletas na pista. Apesar disso não afetar diretamente a experiência de quem correu, comprometeu o monitoramento e a segurança de prova.

Em contrapartida, vale destacar que houve premiação em dinheiro, o que demonstra respeito ao atleta e valorização do esforço individual. A organização mostrou boa vontade e, certamente, irá ajustar esses pontos para as próximas edições.

O potencial da VEC é enorme: trilhas técnicas, estradões rápidos, paisagens lindas, estrutura de apoio e um percurso que agrada tanto os amantes do trail running quanto os da ultramaratona de longa distância. Se corrigirem as falhas de percurso e reforçarem a segurança, essa prova tem tudo para se tornar uma referência no calendário nacional.

E seguimos assim…     

Passo a passo, conquista após conquista,       

em busca de novos desafios.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Ultramaratona Transmantiqueira (UTM) – 15 de março de 2025

No último dia 15 de março, participei da Ultramaratona Transmantiqueira (UTM), uma prova que percorre um trecho da Serra da Mantiqueira, saindo do Horto Florestal de Campos do Jordão e chegando a Passa Quatro, passando por Delfim Moreira e Virgínia.

Dessa vez, optei por correr em dupla com meu amigo Emerson, que também treina comigo e é aluno do meu irmão no @forzacianfarani . Poderíamos ter feito os 50 km solo, mas escolhemos o desafio maior: os 100 km em dupla, onde cada um correu 50 km.

Fui responsável pela primeira metade do percurso. Ainda sentindo um pouco o desgaste da Brasil 135, fui para participar da festa, sem preocupações com tempo ou colocação. A largada atrasou um pouco por questões logísticas, mas logo partimos, junto com os atletas dos 100 km solo e também do mountain bike.

Nos primeiros quilômetros, fiquei atento ao meu joelho, mas felizmente ele não incomodou, principalmente nas subidas. Mantive um ritmo constante e consegui me sentir bem na primeira grande subida. Nas descidas, que não são meu ponto forte, administrei o ritmo.

Quase na metade do percurso, peguei uma chuva forte, mas como o solo ainda estava seco, não chegou a atrapalhar ou deixar o terreno escorregadio. Consegui seguir bem até o primeiro PC, no km 25, onde fiz uma rápida hidratação, tomei meu suplemento e segui para a segunda metade do meu trecho.

Na segunda parte, encarei uma longa subida, não muito inclinada, mas exigente. Nessa parte, consegui ultrapassar alguns atletas dos 100 km solo, que estavam em um ritmo mais conservador. Depois da subida, veio uma grande descida até o ponto de troca, onde passei a responsabilidade para o Emerson completar os últimos 50 km da prova.

Enquanto aguardava a chegada, vi que o segundo trecho da prova ficou bem complicado devido à chuva. O terreno ficou muito escorregadio, e vários atletas chegaram com sinais de quedas. Vi corredores com arranhões, e uma atleta chegou com o rosto todo ralado, bem machucada. Segundo o Emerson, a segunda parte foi bem intensa por causa das condições do solo.

No final, deu tudo certo: ficamos em primeiro lugar na categoria duplas! Mais uma grande experiência, curtindo as montanhas, os estradões e essa paixão que nos move!

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Brazil 135 Ultramarathon – Minha 13ª e última participação solo na 20ª edição da prova

 

A Brasil 135 completou, em 2025, sua 20ª edição ininterrupta. Isso mesmo, foram 20 anos consecutivos dessa prova lendária, independente de qualquer desafio, até mesmo da pandemia. E essa foi a minha 13ª participação, que também marquei como minha última participação solo. Coloco entre aspas porque essa despedida é apenas da prova no formato individual. A Brazil 135 evoluiu e hoje oferece outras modalidades, como duplas, quartetos e até distâncias menores. Ou seja, eu ainda voltarei, mas de outra forma.

 


Um novo formato para a BR135

 

A edição de 2025 veio com uma grande novidade: agora, todos os atletas se inscreviam para 150 milhas (241 km), mas havia pontos de corte opcionais. Quem não conseguisse seguir até o final não precisava abandonar completamente a prova, podendo concluir em distâncias menores e ainda receber a medalha correspondente. O percurso foi dividido assim:

                             55 milhas (88 km) – até Inconfidentes

                             80 milhas (129 km) – até Tocos do Mogi

                             100 milhas (161 km) – até Estiva

                             120 milhas (193 km) – até Paraisópolis

                             135 milhas (217 km) – até Luminosa

                             150 milhas (241 km) – chegada em Paraisópolis

 

Outra mudança importante foi na largada, que aconteceu em Águas da Prata, ao invés de São João da Boa Vista. Isso acrescentou um trecho novo e ajustou a distância final da prova. Apesar dessas mudanças, o nome Brazil 135 foi mantido, mesmo agora sendo uma prova de 150 milhas (241 km).

 

Uma preparação que quase não existiu

 

Por ser minha última participação solo, eu queria fazer minha melhor prova. Mas, como o destino adora testar nossa resiliência, tudo mudou em dezembro. No meu último treino longo até Bertioga, uma velha lesão no joelho voltou a incomodar. Resultado? Fiquei praticamente um mês sem treinar.

 

Minha preparação se resumiu a fortalecimento, gelo e muita massagem, tentando deixar o joelho minimamente funcional para encarar os 241 km. Ou seja, larguei para minha última BR135 sem treinos e sem preparo algum. E aí, já dá para imaginar que essa prova seria uma das mais difíceis que eu já encarei…

Equipe fechada, emoção no congresso técnico e largada

 

Para essa minha última participação solo, montei minha equipe com dois grandes parceiros de sempre: minha esposa Claudia e meu irmão Beto. Mas dessa vez, tive um reforço especial: meu amigo de treino Emerson, que veio para somar nessa jornada de 241 km.

 

A emoção já começou no congresso técnico, no dia 8 de janeiro. O organizador entregou uma medalha especial para os atletas com mais de 10 participações, e eu fui um dos homenageados, com minhas 12 participações anteriores. Agora, estava pronto para a 13ª e última solo.

 

Depois do congresso, fui para o hotel fazer os últimos preparativos e garantir um bom descanso antes da largada. Sabia que, com minha lesão no joelho e a falta de treinos, teria que administrar cada quilômetro com inteligência.

 

Largada e um começo diferente

 

No dia 9 de janeiro, lá estava eu na largada, em Águas da Prata, com destino à primeira cidade do percurso, Andradas. O clima era de reencontro, com muitos amigos das antigas aparecendo para prestigiar a 20ª edição da BR135. Era uma largada especial, cheia de energia e lembranças.

 

Assim que a prova começou, saí com minha estratégia de sempre: ritmo constante, tranquilo, sem exageros. Mas logo percebi que essa edição tinha um perfil bem diferente das anteriores.

 

Nas edições passadas, largávamos de São João da Boa Vista e já encarávamos a temida Serra do Deus Me Livre, um paredão que exigia muito logo de cara. Dessa vez, essa serra ficou de fora, e o percurso começou de forma mais suave. A primeira grande subida viria apenas no Pico do Gavião, mas nessa altura já estávamos bem aquecidos, o que deixou a escalada mais tranquila.

 

Com isso, chegamos em Andradas muito mais inteiros do que nos anos anteriores, sem aquele desgaste inicial brutal. Em provas passadas, Andradas já era um ponto onde o cansaço começava a pesar, mas desta vez foi diferente. O trajeto até lá foi bem fluído, sem muitas dificuldades.

 

Depois de Andradas, veio a Serra dos Limas, uma subida curta, de pouco mais de um quilômetro. Nada que se comparasse ao que enfrentávamos antes. Os trechos seguintes foram relativamente tranquilos, passando por Crisólia, Ouro Fino e até Inconfidentes, onde estava o primeiro PC para quem quisesse encerrar a prova com 55 milhas (88 km).

 

E realmente, muitos atletas optaram por parar ali, aproveitando essa nova estrutura da prova. Mas para mim, aquele era apenas o começo da jornada. Eu ainda tinha muitos quilômetros pela frente.

 

O verdadeiro teste: as descidas intermináveis

Se até Inconfidentes o percurso tinha sido tranquilo, a partir dali começaria a verdadeira prova para mim e, principalmente, para o meu joelho. O caminho rumo a Borda da Mata marcava o início das subidas e descidas intermináveis, e eu sabia que nas descidas é que sentiria mais o impacto da lesão.

 

Curiosamente, nas subidas ou trechos planos eu não sentia nada, mas bastava começar uma descida para perceber que precisaria administrar muito bem a dor e o esforço. Então, minha estratégia seguiu a mesma: ritmo controlado, sem exageros, focado em completar a prova.

 

Entre Borda da Mata e Tocos do Moji, eu ainda me sentia bem, com disposição sobrando. Mas sabia que os desafios de verdade ainda estavam à minha frente. Esse trecho já me deu um indicativo de que as descidas cobrariam um preço alto, então precisei redobrar a atenção para não forçar demais.

 

A partir desse momento, minha equipe começou a me acompanhar mais de perto. Beto, Emerson e Claudia revezavam a companhia ao meu lado, principalmente agora que a noite se aproximava. Era um grande diferencial ter esse apoio, pois me mantinha motivado e focado.

 

Mesmo precisando segurar o ritmo nas descidas, meu desempenho seguia sólido e controlado. O grande desafio era manter a paciência e a disciplina, respeitando o que meu corpo estava me dizendo.

 

Surpresa no percurso: desvio inesperado e calor intenso

 

Quando chegamos a Estiva, fomos surpreendidos por uma mudança no percurso. As fortes chuvas que antecederam a prova derrubaram uma ponte, forçando a organização a criar um desvio de aproximadamente 9 km.

 

Ou seja, a prova ficou ainda mais longa do que os já tradicionais 241 km. Mas fazer o quê? Era mais um obstáculo a ser superado, e seguimos em frente.

 

O problema foi que, nesse trecho, o calor estava insuportável. A BR135 sempre testa seus participantes de todas as formas, e o calor extremo foi um dos maiores desafios desta edição. Nessa hora, a hidratação e a reposição de eletrólitos foram essenciais para evitar problemas.

 

Normalmente, ao final do dia, a prova é marcada por pancadas de chuva, mas, por sorte, não peguei nenhuma tempestade. Vi algumas formações de chuva pesadas se aproximando, mas consegui escapar delas todas as vezes.

 

A brutalidade da Serra do Caçador

Após vários trechos com serras menores, finalmente cheguei a um dos trechos mais temidos da prova: a Serra do Caçador.

 

Foram quase 4 km de subida ininterrupta, um verdadeiro teste de resistência e preparo físico. A musculatura respondeu muito bem, pois eu havia treinado bastante essa parte.

 

O problema veio na descida rumo a Consolação.

 

Ali sim meu joelho começou a dar sinais mais evidentes do impacto da lesão. Cada passo na descida era um lembrete de que eu precisava administrar a dor, pois ainda havia muitos quilômetros pela frente.

 

A BR135 sempre nos lembra que ninguém passa por ela sem sofrimento. Eu já sabia disso, mas agora era hora de lidar com essa realidade e continuar.

 

O questionamento em Consolação

A poucos quilômetros de Consolação, meu pensamento começou a mudar. Até ali, eu estava focado em completar as 150 milhas, mas, com as descidas cobrando cada vez mais o preço no meu joelho, pela primeira vez comecei a reconsiderar meu plano.

 

Eu já havia passado por Tocos do Moji (80 milhas), Estiva (100 milhas) e agora me dirigia para Paraisópolis (120 milhas). O trecho entre Consolação e Paraisópolis era majoritariamente plano, e foi ali meus pensamentos começaram a pesar mais do que o corpo.

 

Quando vi minha equipe parada para me dar hidratação e suplementos, chamei todos e perguntei:

 

— Se eu parar nas 135 milhas, vocês vão ficar chateados comigo?

 

A resposta foi unânime e imediata:

 

— Imagina! A gente está vendo o que você está passando nas descidas. Ainda tem um trecho gigante de descida no final. Pensa bem! Estamos com você.

 

Era tudo o que eu precisava ouvir. Ainda faltava chão para tomar uma decisão definitiva, mas algo já havia mudado dentro de mim.

 

Decisão tomada

Foi nesse momento, num trecho plano antes de Consolação, que meu corpo tomou a decisão antes da minha mente.

 

Aumentei o ritmo. Meu irmão, que estava me acompanhando, percebeu na hora.

 

— Já decidiu o que vai fazer, né? — perguntou ele, rindo.

 

— Já. Vou parar nas 135 milhas.

 

A decisão estava tomada. Segui firme, sabendo que meu objetivo agora era outro: fechar mais uma Brasil 135 no currículo, respeitando meus limites e saindo de cabeça erguida.

 

A chegada em Paraisópolis e a última grande subida

 

Chegando em Paraisópolis (120 milhas), encontrei a organização e vários amigos que já haviam finalizado suas provas, muitos deles em revezamento. Vários me pediram para repensar minha decisão e parar nas 120 milhas, já que o trecho até Luminosa seria uma sequência brutal de descidas.

 

Mas eu já tinha a resposta pronta:

 

— Quero fechar mais uma Brazil 135.

 

Saí de Paraisópolis com Claudia me acompanhando. Seguimos rumo a Canta Galo, um bairro conhecido por ter uma subida quase impossível. Mas subida não me assustava. O problema seria o que viria depois: 4 km de descida até Luminosa, a linha de chegada.

 

Minha equipe, já exausta pelo tempo dentro do carro, começou a me esperar mais adiante. Eles sentiam o cansaço acumulado de horas sem dormir, mas eu ainda estava na adrenalina e focado na chegada.

 

A última descida e o fechamento da jornada

A descida para Luminosa foi a pior parte. Dolorida, exigente, lenta. Cada passo era calculado para não forçar demais o joelho e evitar uma lesão ainda maior.

 

Mas a chegada estava logo ali.

 

Quando finalmente cruzei a linha de chegada, foi com um misto de alívio e satisfação.

 

Foi meu maior tempo nas 135 milhas, mas eu não estava sozinho nessa. Todos os atletas relataram tempos mais altos que o normal. A prova, que começou tranquila, revelou-se mais dura do que nunca ao longo do percurso.

 

Mesmo assim, conquistei a 6ª colocação nas 135 milhas. Se tivesse continuado para as 150, estaria muito bem posicionado também.

 

Mas eu não precisava mais provar nada para ninguém.

 

Missão cumprida e agradecimentos

 

Na 20ª edição da Brazil 135, minha 13ª participação solo, completei minha última prova nessa distância.

 

O regulamento permitia parar em outras distâncias sem ser desclassificado, então finalizei minha jornada sem arrependimentos.

 

Mas essa conquista não foi só minha. Nada disso seria possível sem minha equipe de apoio, que esteve comigo do início ao fim, garantindo que eu me mantivesse forte e focado.

 

Meu agradecimento especial à minha esposa Claudia, ao meu irmão Beto e ao meu amigo Emerson.

 

Vocês foram meus anjos da guarda durante essa jornada. É como sempre digo: nessas provas, a gente não é ninguém sem a nossa equipe de apoio. E vocês fizeram toda a diferença.

 

O que vem pela frente? Novidades em 2026!

 

E agora? A Brasil 135 não acabou para mim, apenas mudou de formato.

 

Ano que vem, vem novidade por aí.

 

Disse que não correria mais solo, mas já estou planejando um novo desafio para 2026. A Claudia está se recuperando bem da fratura no tornozelo e já voltando a correr. E se tudo correr como planejado…

 

O casal Cianfarani estará na Brazil 135 de 2026 – em dupla!

 

Aguardem novidades!

 

Um abraço a todos e até a próxima linha de chegada!