sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Vilã ou heroína?

Até onde uma pedra no caminho, passa de um obstáculo que pode lhe derrubar e prejudicar, para um trampolim de impulso, lhe dando estrutura de sustentabilidade? Como em vários ditos populares, como "a beleza está nos olhos de quem vê", ou "o pessimista observa um problema enquanto o otimista observa a solução". Já para outras pessoas, essa pedra fictícia tornasse tão insignificante que não causa tantas emoções assim, nem pra mais, nem pra menos, apenas mais um adereço, nas estradas dessa vida. Nos últimos meses, estou convivendo de maneira bem próxima com pessoas que possuem diabetes, de variadas faixas etárias, com perfis diferentes, todas praticantes de corridas. De forma superficial, o diabetes é um distúrbio no pâncreas, provocando uma ineficiência na produção de insulina, que é responsável pela passagem da glicose, podendo ser a diabetes do tipo 1 e 2, onde o pâncreas não produz ou produz pouca insulina, influenciando diretamente na glicemia. No início da convivência com essas pessoas, meu conhecimento sobre essa doença era extremamente superficial, sem ter a mínima consciência de como o portador de diabetes se comporta com relação as suas necessidades de controle glicêmico e injeção de insulina quando necessário. Aos poucos, fui percebendo o quanto o diabetes influência o comportamento dessas pessoas, estando presente quase o tempo todo na rotina dos mesmos. Pode parecer uma afirmação meio óbvia, levando em consideração que todo diabético tipo 1, que são aqueles dependentes de injeção de insulina, precisam verificar com muita freqüência o nível de sua glicemia e perceber se há ou não a necessidade de aplicar a insulina. Mas essa observação vai alem de tal controle e toda atenção devida a isso. Com essa convivência, percebi pessoas que controlam o diabetes de forma tão automática que as vezes até esquecemos que as mesmas tem o distúrbio, levando uma vida totalmente "normal". Na mesma intensidade, constatei pessoas que transpiram diabetes, levando-a de forma intensa em suas vidas, em que quase toda conversa a diabetes está presente, seja pelo controle ou sintomas, onde quase todo assunto a mesma está presente. Existem atletas de alta performance diabéticos, que disputam as mais diversas modalidades, nos principais eventos mundiais. Com isso, podemos afirmar, que apesar de tudo já citado, o diabético pode levar uma vida como o não diabético, pode levar seus corpos ao extremo do extremo, como exigido em muitas modalidades esportivas. Apesar disso, também observo pessoas que usam a diabetes como uma muleta, usando-a para causar comoção e gerar pena de si mesmas, uma desculpa para justificar limitações, ou até mesmo motivo para exaltar seus feitos, destacar superação. A diabetes está tão inserida na vida de algumas pessoas, que muitas até a usam como profissão, das mais diversas formas, transformando algo ruim em um "ganha pão", num veículo profissional, destacando-as nessa fatia da área da saúde. Percebo em algumas pessoas, até mesmo sinais de satisfação em enfrentar essa situação, vivenciando atividades como a corrida, misturadas com as pessoas não diabéticas e tendo um desempenho até melhor que elas. Imagino qual seria a reação dessas pessoas, que vestem com orgulho a camisa do diabético, se em um determinado momento de suas vidas, um médico constatasse que as mesmas não tivessem mais tal distúrbio. Acho que algumas ficariam estremecidas, por perder parte de sua identidade, da causa que levam com tanta garra e atenção, onde muitas se unem, dando força uma para outra, na busca por uma vida plena. Com certeza, não sei expressar o que se passa na cabeça e no coração das pessoas que possuem o diabetes, principalmente aqueles que estão no início de sua luta, vivenciando o princípio da rotina de controle e procedimentos, os sentimentos que isso pode gerar, influenciar na auto estima, mexer com o dia a dia. Uma coisa é certa, são grandes guerreiros, capazes de enfrentar qualquer desafio, de qualquer grau de dificuldade, independente se o pâncreas produz ou não insulina, suas determinações e cuidados os levam ao topo de qualquer colina existente.

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