Como sempre, não existe largar sem preparo. Sabendo da
dificuldade da prova, encaixei três semanas de treinos fortes, 50 km no Caminho do Capivari, usei a
prova da Fênix rodando 6 horas e com
destaque para o tradicional treino até Bertioga
na casa dos meus pais com meu grande companheiro, meu irmão Beto, foram 76 km pelo Caminho do Sal. O corpo estava pronto. A cabeça também.
Cheguei a Passa
Quatro no dia 27 de novembro para retirada do kit. A largada aconteceu na
manhã seguinte, às 8h. Diferente da edição do meio do ano, disputada no
inverno, essa prova trouxe um fator determinante: calor e umidade. Dias antes
havia chovido muito na região, e quando o sol apareceu, o clima virou uma
verdadeira estufa.
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| Treino de Bertioga |
A partir dali veio o trecho mais difícil para mim: cerca de 35 km até Alagoa, beirando um rio, sob
um calor úmido e castigante. Meu rendimento despencou. Foram muitos quilômetros
praticamente caminhando, tentando controlar o corpo e a mente. Usei tudo que
estava ao meu alcance: água gelada, gelo no pescoço, hidratação constante e,
principalmente, paciência. Eu sabia que uma hora o corpo voltaria.
E voltou.
Aos poucos, consegui trotar novamente e cheguei em Alagoa
mais inteiro. Em provas muito longas, os atletas ficam extremamente espaçados,
e ali a solidão da corrida ficou ainda mais evidente. Daquele ponto em diante,
eu sabia que a prova tinha mudado de fase.
Quase terminando a segunda noite, cheguei em Itamonte, vivendo situações que só quem
corre ultras entende: apesar do cansaço sabia que faltava pouco sempre com atenção
constante e o apoio dos meus anjos da guarda, Claudia e Beto faz toda diferença.
Neste último trecho já com o dia clareando e o sol nascendo,
segui firme até a chegada. Cruzei a linha final com pouco mais de 46 horas, extremamente feliz.
3º lugar na
categoria com apoio e 6º lugar geral.
Mais do que números, ficou a confirmação de algo que sempre levo comigo: quando o treino é feito e a cabeça está no lugar, o corpo responde, mesmo depois de cair.
Mais uma prova acima dos 200 km finalizada.
Mais uma história para guardar — e contar.
Já na semana seguinte a essa prova, vivi outro momento
marcante: o lançamento do meu livro “Passos
que Contam Histórias”. Um contraste perfeito entre o silêncio das estradas
e o calor dos encontros. Esse momento vai ganhar um relato especial aqui no
blog, aguarde.
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