Soube da prova pelas redes sociais com o amigo e organizador
da prova
André Nader. O nome já chamou atenção:
Volcano Endurance Challenge
(VEC) — e aconteceria em Águas da Prata, uma região de montanhas que conheço
bem, cenário de muitas aventuras, inclusive da BR135. A proposta era
interessante: primeira edição, quatro distâncias (7 km, 15 km, 25 km e 50 km),
misturando trilhas técnicas com estradões mais rápidos. Bastou comentar com os
Ultraloucos para o plano sair do papel.
Organizamos uma viagem com quatro casais: eu e Claudia, o
Dicler e a Consuelo, o Leleo e a Gorete, além do Éder, que foi com a esposa
Mariana e o filho Pietro para curtirem o final de semana conosco. Todos iríamos
correr, com exceção do Éder e família, que foram apenas para passear. No
entanto, na véspera da viagem, o Dicler teve um imprevisto e não pôde ir, o que
deixou nossa equipe um pouco desfalcada. Ainda assim, seguimos com o espírito
em alta, prontos para viver mais uma experiência juntos.
Chegamos em
Águas da Prata, retiramos o kit e participamos
do congresso técnico. Como era a primeira edição, tudo era novidade — ninguém
conhecia o percurso. A largada seria em um parque muito bonito e bem
estruturado da região, o
King Park Adventure: restaurante, quiosques, natureza
em volta. Um espaço muito aconchegante e funcional para um evento como esse.
Nesse ponto, a estrutura da prova merece elogios — excelente local para sediar
uma corrida desse porte.
O dia da prova, 14 de junho, começou gelado. Um frio
cortante, com vento forte, daqueles que há tempos eu não sentia. Às 7h da manhã
largamos eu, a Claudia e o Leleo. Eu nos 50 km, eles nos 25 km. A Gorete
largaria uma hora depois, nos 7 km. Os primeiros 21 km do meu percurso eram de
estradão, sem grandes surpresas. Mais adiante, os atletas dos 25 km seguiam por
um lado, rumo às Sete Cachoeiras, e os dos 50 km encaravam a subida do Pico do
Gavião, ponto marcante da BR135.
Depois do Pico do Gavião, o percurso começou a mostrar suas
garras. Entramos numa trilha de mountain bike bastante técnica e exigente,
cheia de raízes e pedras. Em seguida, enfrentamos a travessia pela
Toca do
Índio, uma gruta belíssima, mas de acesso difícil, passando por corredeiras e
pedras escorregadias. Depois voltamos ao estradão até reencontrar o ponto em
que os 50 km se juntavam novamente com os 25 km. Aí encarei a última parte: a
trilha das
Sete Cachoeiras, um trecho desafiador, técnico e duro. Foi o teste
final de resistência.
Cruzei a linha de chegada satisfeito, com a missão cumprida.
A Claudia e o Leleo também fizeram boas provas. Claudia conquistou o 1º lugar
na sua faixa etária, subindo ao pódio com merecimento. Já a Gorete, que correu
os 7 km, dividiu a primeira colocação com outras atletas, após um erro de
percurso que acabou reunindo todas na linha de chegada ao mesmo tempo. A
organização, com bom senso, premiou todas.
Considerações sobre a
prova:
Por ser uma prova nova, é natural que haja pontos a ajustar.
A estrutura no parque foi excelente, acolhedora e bem preparada. No entanto, a
sinalização do percurso — especialmente nos 50 km — apresentou falhas. Vários
atletas se perderam em alguns trechos. A organização tentou contornar a
situação rapidamente, posicionando staffs em pontos críticos, mas é algo que
precisa ser melhor planejado nas próximas edições.
Outro contratempo foi a ausência da equipe de cronometragem
no dia da prova, o que dificultou o controle dos atletas na pista. Apesar disso
não afetar diretamente a experiência de quem correu, comprometeu o
monitoramento e a segurança de prova.
Em contrapartida, vale destacar que houve premiação em
dinheiro, o que demonstra respeito ao atleta e valorização do esforço
individual. A organização mostrou boa vontade e, certamente, irá ajustar esses
pontos para as próximas edições.
O potencial da VEC é enorme: trilhas técnicas, estradões
rápidos, paisagens lindas, estrutura de apoio e um percurso que agrada tanto os
amantes do trail running quanto os da ultramaratona de longa distância. Se
corrigirem as falhas de percurso e reforçarem a segurança, essa prova tem tudo
para se tornar uma referência no calendário nacional.
E seguimos assim…
Passo a passo, conquista após conquista,
em busca de novos desafios.